Aumentar a plantação de pequizerios é o objetivo principal dos nove participantes do treinamento de Operação e Mecanização de tratores e implementos agrícolas realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) na Aldeia Ngojhwere, pertencente a etnia Kisêdjê, conhecidos como Suya.
O indígena Dombeti Suya foi um dos participantes do treinamento. Ele conta que nunca tinha feito um curso da instituição e que tanto ele quanto os outros aprovaram a metodologia da entidade. "O instrutor é muito bom e ajudou a gente a entender tudo", elogiou.
Dombeti revela que há quase 10 anos a comunidade planejava adquirir um trator para ajudar na produção agrícola da aldeia, dessa forma buscou o Fundo da Amazônia, que tem por finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia entre outras. "Pedidos para o Instituto Socioambiental, o ISA, nos ajudar a escrever um projeto para compra do trator. E há cerca de um mês conseguimos comprá-lo com os implementos agrícolas. Agora que aprendemos, já começamos a usar o trator".
A comunidade se reuniu e fechou acordo para que o trator beneficie todas as aldeias do Povo Syia. "Vamos fazer rodízios para que o trator seja usado também nas Aldeias Rapozão, Beira Rio e Ngossoko", explicou.
Durante o treinamento os participantes tiveram noções de operação de tratores. Os temas abordados durante as 40 horas de treinamento vão desde identificação de instrumentos e comandos do trator, passando pelo conhecimento do manual de manutenção, identificação dos componentes do trator, sistemas de lubrificação do motor, elétrico de transmissão, hidráulico e direção, de locomoção e frenagem e ainda manutenção dos pontos de atrito que utilizam a graxa ou lubrificante entre outros.
A demanda pela capacitação foi apresentada ao Senar-MT pelo Instituto Socioambiental (ISA), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que realiza projetos nas comunidades indígenas na região. A Aldeia Ngojhwere fica no Polo Wawi, da Terra Indígena do Xingu, a 150 km do município de Querência (952 km de Cuiabá). "Hoje eles já vendem o fruto do pequi para uma indústria de extração de óleo. Como a demanda pelo produto cresceu eles querem produzir mais", explica o supervisor da Regional do Senar, Kleber Muller.
Além de pequi, os Syia produzem pimenta e mel que também comercializam e para consumo próprio eles cultivam cará, mandioca, milho e banana. "Tudo que a gente consome produzimos aqui mesmo", diz orgulho Dombeti.
O superintendente do Senar-MT, Tiago Mattosinho, explica que a instituição atende as demandas por capacitação rural que são apresentadas. "Em Mato Grosso temos uma série de terras indígenas que não só produz para subsistência, mas também quer ter renda. Neste sentido atendemos e fazemos a capacitação desta população, levando conhecimento técnico que garante a segurança para os indígenas, para que produzam melhor, aumentem a renda da aldeia e de tenham condição de se sustentarem e terem mais qualidade de vida".
Matossinho lembra que o Senar-MT já realizou treinamentos em aldeias da Ilha do Bananal, em Santo Antonio do Leste, Aldeia Perene em Matupá, Aldeia Kopenoti e Aldeia Merure, em Gerneral Carneiro.
Em 2014 o Programa Especial Mutirão da Cidadania, realizado pelo Senar em parceria com a Setas-MT, fez um trabalho especial para os povos indígenas. "Realizamos no mês de março e maio 12 mutirões atendendo exclusivamente aos indígenas. No mês de julho houve mais dois eventos em aldeias, totalizando 14 mutirões para esta população, beneficiando 2.817 pessoas com 38.722 atendimentos. Ainda temos mais um mutirão que será realizado agora em novembro para atender o povo Paceris. Serão contempladas 13 aldeias no município de Campo Novo do Parecis", antecipa o superintendente.
O Senar-MT faz parte de um conjunto de entidades que formam o Sistema Famato. Essas entidades dão suporte para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e representam os interesses dos produtores rurais do Estado. É formado ainda pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pelos 87 sindicatos rurais do Estado. Curta a Fan Page do Senar-MT no facebook (www.facebook.com/SenarMt).