O cultivo de mandioca na vida do produtor Sipriano Sodré Lemes é uma lembrança da sua adolescência, quando a família migrou do triângulo mineiro para Mato Grosso há mais de três décadas. Há pouco tempo a cultura voltou a fazer parte do sítio Lagoa Azul e desta vez como carro-chefe.
O produtor tem investido no cultivo de mandioca irrigada e com o solo protegido com mulching. O otimismo com o retorno da atividade tem sido tão grande que ele já começou a expandir a plantação, que tem avançado, inclusive, sobre as áreas de pasto da propriedade.
A família está no sítio em Pontes e Lacerda desde 1994. Antes de Sipriano assumir o comando em 2002, seu pai havia cultivado no local melancia, pepino, abóbora, repolho, mandioca e leite. Após assumir o comando, o produtor passou pouco mais de 20 anos cultivando folhas, berinjela, jiló, pepino e abóbora, até em 2024 voltar para a mandioca. A decisão de retomar a produção de mandioca não foi por acaso. Além de não entregar mais a rentabilidade esperada, o cultivo de hortaliças estava gerando prejuízos recorrentes.
Quem identificou isso foi o engenheiro agrônomo Carlos Luiz Vieira, técnico de campo do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso na região de Pontes e Lacerda. O início dos atendimentos da ATeG na propriedade começou em setembro de 2022 e, conforme o técnico de campo, o produtor se muniu da assistência pelo anseio de mudanças, uma vez que estava trabalhando e registrando prejuízos de aproximadamente R$ 3,5 mil por mês.
“Não era uma situação isolada. Ele tinha muito gasto com adubação, com defensivos e preço de comercialização barato”, comenta Carlos Luiz.
Por já ter passado pela experiência de cultivo de mandioca com o pai, e na época os resultados não terem sido os esperados, o técnico de campo do Senar Mato Grosso viu no produtor certa resistência.
“Mas, eu trouxe para ele outra visão sobre a cultura. Primeiramente plantamos mil covas de mandioca e colhemos. Quando ele começou a ver os resultados na prática e a ganhar dinheiro, isso foi uma virada de chave para ele”.
Menos pés, mais produtividade
Neste novo ciclo, a produção de mandioca no sítio Lagoa Azul passou a ser irrigada, aproveitando a estrutura usada na extinta horta. Com a umidade garantida e as orientações na hora certa, os resultados logo confirmaram o sucesso da plantação e da parceria entre agricultor e técnico.
“Nós éramos acostumados com essas mandiocas tradicionais. Então, chegava uma época em que ela não cozinhava mais. Você colocava adubo e ela não dava aquela expectativa”, pontua Sipriano.
De acordo com o produtor, na época em que cultivaram a raiz pela primeira vez no sítio eram necessários de 10 a 12 pés para encher uma caixa de 25 quilos.
“Hoje, ela plantada normal na terra, estamos produzindo em média de sete quilos por pé. Bem diferente e mais ligeiro, porque antigamente esperava um ano para dar um pé de mandioca para arrancar e agora estamos arrancando com cinco, seis meses”, frisa o produtor.
Em colaboração com Canal Rural Mato Grosso