Conhecer o panorama do setor agropecuário no Brasil e desenvolver uma rede de relacionamentos que resultem em impactos positivos ao agronegócio de Mato Grosso. Esses foram alguns dos objetivos da visita técnica à Brasília realizada pelas participantes da Academia de Liderança – Mulheres Líderes do Agro, na última semana.
Foi no auditório da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a primeira programação na capital federal. Nele, foram apresentadas as áreas de atuação do Sistema CNA, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a atuação da CNA junto ao Congresso Nacional.
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O presidente do Sistema Famato, Normando Corral, realizou a abertura do evento e destacou a importância de fortalecer a categoria. “Já acabou o tempo em que as mulheres cuidavam apenas da sede da fazenda. Hoje nós temos quem lida direto com o gado, quem opera máquina agrícola, quem faz toda a parte de gestão e elas tem muito mais espaço a conquistar”.
Segundo o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, desenvolver lideranças é uma das metas da instituição, que lançou neste mês de agosto, a Comissão Nacional de Mulheres do Agro. “Queremos formar líderes que busquem resolver o problema do produtor rural e a Comissão tem o objetivo de fortalecer as lideranças femininas do agro provocando maior participação das mulheres nos sindicatos rurais”, destaca.
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O evento também contou com a presença da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Rodrigues Brito, de representantes do Sistema CNA/Senar e de um grupo de 10 produtoras rurais da Comissão Técnica Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).
Em um painel denominado A Liderança de Todos os Dias, as participantes aproveitaram para contar suas experiências no campo e compartilhar suas vivências como mulheres e líderes do setor.
A pecuarista de Cáceres, Fernanda Machado, destacou a singularidade da mulher no agro. “Estamos ocupando espaço, falamos o que precisa falar porque sabemos o quanto custou para conquistar tudo isso. O homem gosta da agilidade, mas a mulher tem capacidade para o negócio de outra forma. É como uma fazenda, uma diferente da outra”.
A produtora rural Emanuelle Cruz e Santos, assumiu a gestão da propriedade rural da família e está construindo o pioneirismo feminino, em sua realidade. “Estamos sendo pioneiras e tentando mudar uma realidade. Às vezes num ambiente masculino eu não tinha segurança para falar, por isso venho trabalhando para assumir o meu papel de liderança. Se não lideramos a nós mesmas, não vamos conseguir liderar uma empresa ou uma propriedade”, destacou.
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Segundo a presidente do Sindicato Rural de Guiratinga, Juliana Mesquita, é importante que as mulheres do agro mostrem à sociedade, o seu valor e o do setor. “A maioria dos homens tem dificuldade de enxergar a capacidade na mulher e acabam desmerecendo o trabalho. São poucas as mulheres que dão a cara a tapa para mudar essa realidade.
A técnica de campo da Assistência Técnica e Gerencial do Senar-MT, Janaína Lima, trabalhou em vários cenários no campo e contou a sua experiência. “Sou doutora em zootecnia, fui técnica, formei técnicos, sou produtora rural e hoje trabalho dando assistência técnica a 17 produtores rurais. E é preciso que a mulher acredite em alguém que fala que você consegue. Fico muito contente em ver panoramas em que mulher e homem trabalham juntos e em igualdade”
Painelistas
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“As mulheres possuem o seu jeito de liderar, que às vezes, é muito diferente do perfil do homem. Não queremos ser os homens, queremos ser nós mesmas, liderando do jeito feminino de ser, com a assertividade necessária”, Janaína Flor, coordenadora da NFPGO.
“A verdadeira liderança é aquela que consegue ajudar o colaborador até fora do ambiente de trabalho, em questões pessoais e familiares. É ele olhar para você e enxergar um ponto de apoio”. Denise Hasse, vice-presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde.
“As mulheres tendem a precisar de mais tempo para tomarem decisões e, às vezes, o mercado não consegue esperar. É preciso buscar um equilíbrio entre o perfil de trabalho e a necessidade dos negócios”, Fabiano Tavares, confinador.
“Ao serem mais assertivas, as mulheres trazem mais resultados positivos para a atividade”, Ana Claudia, Direto da Fazenda.
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Programação
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O segundo encontro se estendeu por dois dias e também contou com uma visita ao Congresso Nacional, em que as participantes tiveram a oportunidade de conhecer o poder legislativo na capital federal. As participantes também conheceram o Instituto Pensar Agro da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
Gustavo Carneiro, diretor-geral do IPA, destacou a importância do engajamento no setor. “Não temos ligação com pessoa física, apenas com associações que representam o setor, por isso é importante que estejam engajadas com as instituições que trazem os problemas e desafios dos produtores rurais para debate”.
O próximo e último encontro ocorrerá em Cuiabá, no mês de setembro. O assunto será comunicação. As participantes aprenderão sobre mídia training, storytelling, redes sociais, técnicas de negociação, entre outros.