A CASA DA FAMÍLIA RURAL

A CASA DA FAMÍLIA RURAL

É dia de contar histórias daqueles que ajudam alimentar o mundo

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Antes mesmo do sol nascer o produtor rural já está na lida e, muitas vezes, encerra o dia com o céu já iluminado pela lua. O trabalho braçal pode até ter hora para acabar, mas a preocupação com as intempéries climáticas, com a comercialização do produto e com todas as dificuldades enfrentadas no dia a dia nem sempre lhe deixam dormir em paz. O trabalho de um produtor rural vai muito além de arar a terra, cultivar e produzir os produtos que alimentam os cidadãos. Sendo assim, mais que homenageá-los neste 25 de julho, que é seu dia, é importante contar um pouco de como é seu dia a dia no campo.

A história da família Feliciano Souza faz qualquer um se emocionar. Professor de matemática, concursado pelo Estado de Mato Grosso, Marcosoney  Feliciano de Souza começou a observar que o Sitio Boa Esperança,  propriedade  da família, localizada na região de Pontes e Lacerda poderia lhe render mais que dar aulas. Decidiu deixar a profissão de professor e junto com o pai Deocleciano, que herdou o gosto pela bovinocultura de leite do pai – o avô de Marcosoney -, começou a investir em melhorias para a propriedade.

Ele conta que a lida começa quando o relógio marca quatro horas da manhã. Junto com o pai Deocleciano Francisco Feliciano, que já comemorou mais de 70 aniversários, Marcosoney começa o trabalho na sala de ordenha. Com o ingresso da família no programa desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT), o SENAR Tec Leite e a implantação da ordenha mecânica na propriedade houve um aumento de mais de 130% na produção de leite por animal em lactação.

Marcosoney conta ainda que com as mudanças propostas pelo programa SENAR Tec leite houve uma melhoria muito grande na qualidade do produto. Mas as dificuldades são constantes. Em 2015 o fogo queimou boa parte do pasto do sitio Boa Esperança e a família Feliciano perdeu 16 animais. Foi um ano de muito prejuízo, mesmo assim, não deixaram de ajudar os vizinhos que também sofreram com o fogo.

E é assim, um ajudando o outro e enfrentando as dificuldades que juntos conseguem alimentar o mundo. Emocionado José Aparecido Cazzeta, conta que nasceu produtor rural e tudo que aprendeu na vida foi trabalhando na roça. "Não tive a chance de frequentar um banco escolar, mas tive uma escola de vida trabalhando na roça". O produtor diz ainda que tem orgulho de ser "um homem do campo" porque sabe que com o seu trabalho ajuda a sustentar o Brasil.

Na opinião de Cazzeta, a cidade não vive sem o campo e é o agronegócio que sustenta a balança comercial e está sendo considerado o maior gerador de empregos. Ele destaca ainda que a vida do produtor é muito sofrida. "Principalmente a do pequeno e do médio que acabam sendo mais atingidos pelas intempéries do clima, o dinamismo da tecnologia e várias outras coisas. É por isso que precisamos estar sempre aprendendo porque o conhecimento minimiza os prejuízos e ajuda a melhorar a rentabilidade".

Assim como Cazzeta, o pecuarista Albino Castilho Ruiz acredita que produzir alimentos no Brasil é um desafio. Vindo do Paraná, na década de 80, é um dos pioneiros na região. Em Mato Grosso a família Ruiz produz soja, milho e também desenvolve a cadeia produtiva da bovinocultura de leite. Na opinião de "seo Bino', como é popularmente conhecido na região, ser produtor é um desafio constante. "Mas é um desafio gostoso. É preciso gostar, caso contrário não prosperamos. É uma vida onde precisamos estar sempre em busca de conhecimento".