Uma das cadeias prioritárias para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), a bovinocultura de leite está em pleno desenvolvimento em Mato Grosso. Produtores de diversos municípios como Dom Aquino, Campinapolis, Confresa, Cáceres, Mirassol do Oeste e vários outros investem em melhoramento genético, ampliação do rebanho e em treinamentos para melhorar a qualidade do leite, considerado um dos principais problemas enfrentados pelo setor.
O superintende do Senar-MT Tiago Mattosinho conta que além do Programa Produção Leite de Qualidade (Leite Legal), a equipe técnica do Senar-MT trabalha a todo vapor na formatação de novos programas e treinamentos para atender a demanda da cadeia produtiva do leite. "Nosso objetivo é consolidar o Estado como um dos maiores produtores de leite do Brasil".
Mato Grosso produz cerca de 750 milhões de litros por ano e já ocupa – extra oficialmente – o 8º lugar no ranking de maiores produtores do país. Já o Brasil produz em torno de 32 bilhões de litros por ano. O Estado tem aproximadamente 30 mil produtores. Destes, pelo menos 51 % produzem de 1 a 50 litros de leite por dia, o que mostra que a atividade é desenvolvida principalmente por pequenos e médios produtores.
De acordo com o diretor executivo da Aproleite, Carlos Augusto Zanata, popularmente conhecido como Guto Zanata, a produtividade média de leite em Mato Grosso é de 5,9 litros por dia, das vacas em lactação. Ele conta que atualmente é comum que 55% das vacas do rebanho estejam em lactação e os outros 45% no período seco. "Esse percentual de 55% de vacas em lactação é considerado baixo".
Guto explica que nas propriedades que utilizam uma boa tecnologia de produção, o índice de vacas em lactação de um rebanho chega a 80% e apenas 20% secas. "Em Mato Grosso esse alto índice de vacas secas no rebanho se dá em função de um manejo nutricional fraco, mais evidente nos meses de seca (junho a outubro), o que provoca diminuição de produção, produtividade e de índices reprodutivos".
Tiago Mattosinho ressalta que o objetivo geral do programa Produção de Leite de Qualidade é produzir o leite de acordo com a Instrução Normativa 62, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "A ideia é adequar a propriedade às regras por meio da capacitação".
De acordo com o analista Wlademiro Neto desde o início do programa Produção de Leite de Qualidade, em 2013 já foram realizadas14 turmas, qualificadas 216 pessoas em 166 propriedades que desenvolvem a pecuária de leite no Estado. Nos primeiros quatro meses de 2014, a equipe do Senar-MT visitou dezenas de municípios divulgando o Programa e a importância de se ter um leite de qualidade em Mato Grosso.
Valdir Marciano da Silva, de 69 anos, foi um dos produtores de leite de Campinapolis que fez o treinamento do Programa Produção de Leite de Qualidade. Com 48 vacas em lactação, seo Valdir como é conhecido na região conta que produz cerca de 180 litros de leite por dia. Ele conta que no treinamento aprendeu que atitudes simples como higienização do teto da vaca feita corretamente ajuda a melhorar a qualidade do leite.
Seo Valdir também não tinha noção do prejuízo que a mastite podia causar em um rebanho de vacas em lactação. "Com o treinamento aprendi como se faz para saber se há vacas com mastite no rebanho".
Uma das principais doenças que acomete os bovinos leiteiros é a mastite, que é a inflamação da glândula mamária. Os impactos econômicos surgem através da queda na produção leiteira, perda na qualidade do leite, maior custo de produção e o descarte prematuro de vacas por perda de um ou mais quartos mamários, que se tornam fibrosos e improdutivos. Sua magnitude varia conforme a intensidade do quadro e o agente causador.
O programa Produção de Leite de Qualidade é desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-Central) e Senar-MT em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Associação de Produtores de Leite (Aproleite). O programa conta ainda com a parceria dos Sindicatos Rurais, Associações, Cooperativas e diversos outros parceiros.
Parceria com laticínios – A receptividade dos empresários e produtores do setor leiteiro é sempre bastante positiva. "Para executar o programa precisamos da parceria dos laticínios para nos fornecer os resultados das análises de Contagem de Células Somáticas (CCS) e Cotagem Bacteriana Total (CBT). Os sindicatos rurais também são parceiros importantes na implantação deste programa, pois são eles que solicitam as novas turmas". enfatiza o analista e responsável pelo programa no Senar-MT, Wlademiro Neto.
Produto de qualidade é bom para o produtor e também para a indústria. Para produzir um quilo de muzzarela são necessários oito litros de leite de boa qualidade, mas pode chegar até a 10 litros caso o leite não tenha qualidade.
O produtor de leite há oito anos e empresário do setor, Valdécio Tarsis Rezende acrescenta que é preciso investir em mão de obra e na qualidade e na higiene na hora da ordenha. "A pecuária de leite virou um negócio. Isso exige profissionalização. Contamos com o programa Produção de Leite de Qualidade para nos ajudar a melhorar a qualidade do nosso produto".
Em 2013, a Cooperativa dos Produtores de Leite de Campinapólis (Campileite) realizou o primeiro treinamento do Programa Produção de Leite de Qualidade, com 15 produtores de leite. O resultado foi tão positivo que já no começo de 2014 foi realizada a segunda turma. A expectativa é que em 2014 aconteçam mais três treinamentos no município.
Animado com o novo desafio, o responsável técnico pelo laticínio, Gerantino Joaquim Neto enfatiza que com a capacitação, os produtores passam a ter mais atenção com os detalhes. "É assim que conseguimos melhorar a qualidade".
Para o presidente do sindicato Rural de Campinapolis, Joaquim José de Almeida todo tipo de conhecimento traz benefícios. Assim como Joaquim, o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Eduardo Ribeiro, também acredita que o Programa de Produção de Leite de Qualidade auxiliará os produtores a ter um produto melhor.
O Senar-MT faz parte de um conjunto de entidades que forma o Sistema Famato. Essas entidades dão suporte para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e representam os interesses dos produtores rurais do Estado. É formado ainda pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pelos 87 sindicatos rurais do Estado. O Senar está no Twitter e no Facebook. Siga @senar_mt e curta a Fan Page (www.facebook.com/SenarMt).