"O SENAR é realmente uma máquina de capacitação", resumiu o especialista em Desenvolvimento Rural do Banco Mundial, David Tuchschneider, no final de intenso dia de trabalho. Os representantes do Bando Mundial, que desde segunda-feira participam de programação para debater o Projeto Agricultura de Baixo Carbono (ABC) junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e o Ministério da Agricultura, conheceram o trabalho realizado pelo SENAR, em Goiás, nesta terça-feira (3/9).

Pela manhã, eles foram recebidos na sede da Administração Regional da entidade, onde assistiram a uma apresentação institucional sobre o SENAR-GO e os projetos desenvolvidos.  Goiás foi um dos três estados escolhidos para os projetos piloto do ABC.

"Essa visita do Banco Mundial é extremamente importante porque eles  conhecem na prática o trabalho de Formação Profissional Rural que o SENAR realiza, assim como exemplos de propriedades que têm se tornado referência em sustentabilidade, utilizando as técnicas do ABC. Goiás é um estado que, pelo seu perfil de produção agropecuária, tem demanda para essas novas tecnologias. Queremos potencializar o que já vem sendo desenvolvido e difundir ainda mais essas técnicas", ressalta o superintendente do SENAR-GO, Marcelo Martins.

À tarde – juntamente com as equipes do SENAR e do Ministério da Agricultura -, os técnicos do Banco Mundial conheceram a metodologia de capacitação da entidade, durante um treinamento sobre manejo de pastagens na Fazenda Santa Maria, no município de Campo Limpo de Goiás. Na visita, eles acompanharam algumas das atividades práticas realizadas durante o curso, como análise que mostra se uma determinada área pode ser recuperada ou deve ser renovada.

O proprietário da Fazenda Santa Maria, Emival Valim, que encaminhou um projeto solicitando recursos da linha de crédito do Programa ABC – do Ministério da Agricultura – para recuperar uma pastagem degradada, acredita que as técnicas sustentáveis, junto com a orientação oferecida pelo SENAR, são fundamentais para quem quer crescer na atividade. No caso dele, aumentar ainda mais a produtividade de leite e de eucalipto, na área de 331 hectares. "As práticas sustentáveis são uma realidade e permitem agregação de renda para o produtor. O trabalho do SENAR é positivo em todos os sentidos. Hoje é humanamente impossível viver sem esse apoio", revela ele.

A programação prossegue até a próxima sexta-feira (6/9). Nesta quarta-feira, os representantes das três entidades vão visitar uma propriedade no norte de Goiás onde já está sendo desenvolvida a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) –  uma das práticas previstas pelo ABC. Na quinta e na sexta-feira,  voltam a se reunir, em Brasília, para debater aquisições, gerenciamento financeiro e avaliação de impacto, além de revisar o plano de preparação do projeto.

Projeto ABC

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC pretende incentivar e difundir a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibilizar o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR será responsável pela capacitação nas tecnologias, formação profissional e pela assessoria em campo, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – via Banco Mundial –, que já encaminhou parte do recurso destinado à preparação do projeto.

O ABC vai atender nove estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.

O projeto prevê a realização de seminários de sensibilização e divulgação nos estados participantes, capacitação tecnológica de produtores e gerentes de propriedades e instrutores do SENAR e, ainda, treinamento dos técnicos que atuarão na assessoria em campo para os produtores. Ao todo, 900 propriedades serão atendidas nos projetos piloto a serem implementados em Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Dessas, 90 estabelecimentos (10%) terão a obrigação de executar uma das tecnologias aprendidas e serão transformadas em cases de estudo e vitrines tecnológicas.

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