Mais de 300 pessoas entre produtores, trabalhadores rurais, técnicos e estudantes de ciências agrárias participaram neste sábado (22.09) do 4º Seminário de Agricultura de Precisão, realizado no Parque de Exposições de Campo Verde (130 km de Cuiabá). Entre os participantes estava o produtor rural Leoni Rugueri, que é há muitos anos produz soja, milho e algodão. Só na região de Campo Verde cultiva há 34 anos. "Comecei a utilizar a Agricultura de Precisão há pouco tempo, mas sei que os resultados não irão aparecer do dia para noite", afirmou. "A minha expectativa é uniformizar o solo da propriedade nessa primeira safra", antecipou.
Para Rugueri o evento é de grande importância para o setor, tanto que ele trouxe os administradores das duas fazendas que é proprietário. "Hoje o produtor usa a Agricultura de Precisão ou está fora do mercado. Não temos como voltar ao passado", concluiu. "Vi aqui muitos estudantes, o que é muito interessante já que são os futuros produtores e trabalhadores rurais".
O evento faz parte de uma série de 10 seminários realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Nacional (SENAR) em todo o país. Em Campo Verde o evento foi realizado em parceria com o Senar-MT e sindicato rural do município. O seminário foi aberto pelo vice-presidente do Sindicato Rural de Campo Verde Gladir Tomazelli, que ressaltou a importância da contínua capacitação dos produtores e trabalhadores rurais. "A parceria com o Senar-MT só traz bons frutos a Campo Verde. E este é mais um que vem para melhorar a vida de quem trabalha no setor rural", afirmou.
O gerente de Aprendizagem Rural do Senar-MT, Marciel Becker, agradeceu aos parceiros pela organização do Seminário Agricultura de Precisão no Estado como a Famato, Aprosoja, AMPA, Coorperflora e sindicatos rurais da região de Campo Verde, Chapada dos Guimarães, Primavera do Leste, Dom Aquino, Jaciara e Rondonópolis. "Essas entidades colaboraram na divulgação e mobilização de pessoas para o seminário ocorrer com esse número de participantes", revelou. "O objetivo do Senar-MT ao trazer eventos como este é fazer com que os mais diversos conhecimentos cheguem ao produtor rural para que ele possa tomar a decisão mais assertiva para sua propriedade", afirmou. "Sabemos que as máquinas adquiridas hoje já vêm embarcadas com tecnologias que o produtor precisa saber utilizar da melhor forma possível. Defendemos que o produtor faça a aquisição de tecnologia sim, mas que seja baseada em uma gestão de propriedade", declarou.
Para o gestor de projetos em Agricultura de Precisão do SENAR Nacional, Victor Ferreira, não é o simples fato de comprar uma máquina de última geração que garante ao produtor a Agricultura de Precisão. "Esses seminários vem abrir um leque de opções de conhecimento para o produtor. Para fazer Agricultura de Precisão é preciso de planejamento: coletar dados, gerenciar por meio de mapas, tem que olhar sua propriedade de forma diferente, conhecer essa terra e assim, futuramente, tomar a decisão se vai comprar uma tecnologia embarcada em uma máquina ou não", resume.
Segundo o pesquisador Ricardo Inamasu, da Embrapa Instrumentalização, a Agricultura de Precisão não é nada mais do que reaproximar o homem da terra, lembrar ao produtor da importância de respeitar o meio ambiente e do cuidado com a terra. "Estamos chamando eles pela sua missão, pois Agricultura de Precisão significa respeitar as diferenças. É uma postura gerencial que leva em conta a variabilidade espacial para aumentar o retorno econômico e minimizar o efeito negativo ao meio ambiente", avaliou.
A palestra do professor José Molin, da ESALQ/USP, seguiu no mesmo tom. Ele explica que a agricultura tradicional trata a propriedade como uniforme, quando nenhuma é. Sabendo dos pontos fortes e fracos do seu território o produtor pode criar mecanismos de otimização dos recursos. "A Agricultura de Precisão envolve um conjunto de possíveis estratégias de gestão: reduzir o uso de insumos; aumentar a produtividade; melhorar a qualidade do produto e aumentar a lucratividade", defendeu.