A CASA DA FAMÍLIA RURAL

A CASA DA FAMÍLIA RURAL

Comunidade rural de Cáceres recebe treinamento em inseminação

Post Image

A comunidade rural Horizonte D’Oeste, do município de Cáceres (distante a 244 km de Cuiabá), foi beneficiada na última semana com o curso “Inseminação Artificial em Bovinos” realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) em parceria com o Sindicato Rural de Cáceres e apoio da Empaer.

O treinamento foi aplicado a 15 alunos da comunidade por meio da Associação de Produtores Rurais de Vista Alegre (Aprovista). A associação foi criada há 24 anos e é presidida por Vergílio Martinez, hoje  um dos pequenos produtores de leite de Cáceres que, através da aplicação de tecnologia de ponta, tem um rebanho leiteiro com genética superior, que, segundo o vice-presidente do Sindicato Rural, Jeremias Pereira Leite, não perde para vacas leiteiras de regiões do Brasil consideradas “eleiros de tecnologia”, como Uberaba (MG), por exemplo.

A associação começou o trabalho de melhoria genética com sete vacas doadoras. Hoje, em uma área de 20 hectares que é da própria associação, tem 16 associados e 17 vacas doadoras, e um rebanho destruídos entre associação e associados de 450  fêmeas, entre Gir Puro PO e cruzado Girolanda. Os machos são comercializados em todo Mato Grosso, para custear as despesas da associação, que começou o trabalho de genética há dez anos.

A associação tem em sua sede um laboratório de produção e transferência de embriões, feito através das doadoras, com sêmen comprado das grandes centrais. O biólogo Douglas Castrillon, da Empaer de Cáceres, dá assistência técnica à associação, juntamente com o médico veterinário Renato Andrade, da Coopnoroeste de Araputanga. Segundo Douglas, “talvez este laboratório seja o único no país mantido por uma associação de pequenos produtores. Eu não conheço outro”. Ele diz que a alta tecnologia leva à alta genética, provocando o incremento na produtividade.

O  presidente Vergílio Martinez explica que a prioridade é o atendimento aos associados, mas o laboratório atende a todos os interessados -e já tem atendido, com repasse de tecnologia de ponta e venda de reprodutores. “Todo o trabalho aqui é acompanhado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu e Pela Associação Nacional de Criadores de Leite, ambas com sede em Uberada e às quais a Aprovista é associada”.

O curso, que emite certificado pelo Senar, foi ministrado pelo médico veterinário Getúlio Josetti de Figueiredo. Além de dois funcionários da Secretaria de Agricultura de Cáceres, participaram filhos e funcionários de associados. Foram dois dias de aula e 16 horas de atividades. “A inseminação artificial é uma tecnologia que está ao acesso de todos, embora requeira certos cuidados”, informou o instrutor. A sanidade animal, a alimentação, o manejo e, fundamentalmente, um bom técnico inseminador são requisitos básicos. Os alunos saíram do curso aptos ao trabalho como inseminador, e ainda segundo o professor, o mercado os absorve rapidamente, pois há demanda. “Neste caso aqui, eles já vão aplicar as técnicas nas propriedades da região”. Além da teoria e vídeos, a maior parte do tempo foi usado em aula prática, no curral. Para Benedito Pedroso da Costa, que trabalha em uma propriedade da região, o curso foi muito valioso. “Eu sempre faço cursos trazidos pelo Senar através do Sindicato Rural. Já fiz o de casqueamento e doma, e quero me capacitar cada vez mais, pois um bom profissional é sempre mais valorizado”.

A Aprovista faz também ações sociais. Todos os anos, doa um touro para ser leiloado em Mirassol D’ Oeste. A renda é destinada ao Hospital do Câncer. Um ano vai para o de Barretos, no ano seguinte para o de Cuiabá, e assim sucessivamente, o que acontece já há oito anos.

Falando pelo Sindicato Rural, Jeremias Pereira Leite afirmou que a transferência de conhecimento possibilitando que outros produtores também se beneficiem fortalece a pecuária de leite. “Temos uma bacia leiteira de pequenos e médios produtores e o município de Cáceres é o quarto maior produtor de leite da nossa região. É papel fundamental do Sindicato Rural buscar parcerias e oferecer treinamento e capacitação na área de melhoria genética do rebanho, o que por consequência aumenta a quantidade e a qualidade do produto. Este é um trabalho que merece elogios, especialmente quando se trata da iniciativa, coragem e visão do pequeno produtor”.