A CASA DA FAMÍLIA RURAL

A CASA DA FAMÍLIA RURAL

Após capacitação do Senar assentados conseguem crédito

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O casal Marilucia Paqualon, 37, e José Wisnieski, 40, conseguiu em seis meses dobrar a produção de leite após adquirir quatro vacas leiteiras, passando de 80 para 160 litros produzidos por dia. Eles fazem parte da turma de 26 pessoas da comunidade do Projeto de Assentamento Caeté, do município de Diamantino (209 km de Cuiabá), que conseguiu empréstimos no Banco do Brasil após cursarem o Programa Negócio Certo Rural (NCR), desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) em parceria com a Cooperativa de Agricultores Independentes de Mato Grosso (Coopercaeté) e Sindicato Rural de Diamantino.

Marilucia conta que está assentada há cerca de cinco anos, porém nunca havia conseguido empréstimos bancários para investir na propriedade. Agora, ela e o marido acessaram R$ 5 mil cada um, em empréstimo do Banco do Brasil via programa "Desenvolvimento Regional Sustentável” (DRS). Com o recurso puderam comprar os animais. "Hoje minha família consegue viver da produção de leite da nossa propriedade. A nossa renda ainda precisa melhorar, mas já conseguimos pagar nossas contas. Antes só vivíamos no vermelho", lembra.

Segundo ela, depois da qualificação o esposo deixou o trabalho de operador de máquinas agrícolas para ajudá-la na produção familiar. "O curso do Senar só trouxe benefícios para minha família. Pretendo fazer mais treinamentos e me estabelecer de vez na propriedade. Não quero trabalhar para os outros nunca mais", diz a empreendedora.

A gerente do BB de Diamantino, Lúcia Uchôa, explica que a linha de crédito foi pensada para atender pessoas de baixa renda em dificuldade para contrair empréstimos devido à falta de documentação da terra, desde que comprovem rendimento mensal. O DRS tem objetivo de desenvolver a cadeia leiteira do município e os empréstimos são de até R$ 5 mil com juros de 0,95% ao mês. "A atividade econômica a ser desenvolvida foi escolhida pela cooperativa e a qualificação garantida pelo Senar", explica. "O Caeté foi o pioneiro em Diamantino, mas a linha de crédito já foi expandida para todo o município. E tem dado resultados positivos no desenvolvimento da cadeia leiteira da região", revela a gerente.

Outro beneficiado com o crédito foi o produtor de leite Manoel Luiz Delfiol, 50, que usou o recurso para melhoria da infraestrutura da sua propriedade. Manoel é presidente da Coopercaeté e trabalhava como administrador de fazenda até conseguir um lote no assentamento, há cinco anos. Ele explica que a experiência da época em que era administrador rural o ajudou no curso e acredita que a qualificação garante a rentabilidade de uma propriedade. "Sempre busco parceria com o Senar para trazer cursos que auxiliem o desenvolvimento da comunidade. O conhecimento é capaz de mudar a vida das pessoas", avalia.

Como todos os treinamentos do Senar, o curso do Negócio Certo Rural é gratuito. Tem carga horária de 46 horas sendo 40 horas em sala e seis horas de consultoria a cada propriedade. O Programa visa orientar o produtor a fazer um diagnóstico da propriedade, selecionar ideias de negócios, analisar a viabilidade, buscar informações sobre formalização do negócio, organização e administração e no relacionamento do negócio com o mercado. "A ideia é que ao final do programa os participantes estejam preparados para as dificuldades do dia-a-dia e tenham condições de avaliar oportunidades e buscar soluções que aumentem o lucro e gerem crescimento econômico e bem estar para suas famílias", afirma a responsável pelo Programa NCR no SENAR-MT, Juliana Mardegan.

Em Mato Grosso o programa teve início em 2010, com 13 turmas, no ano passado foram realizados 31 cursos, formando até agora 1320 pessoas. As aulas são realizados mensalmente e ministradas por educadores do Senar-MT. Em 2012 a meta é formar 40 turmas, com 30 alunos em média cada. Desse total, duas turmas já estão em andamento e outras oito estão programadas para ocorrerem ainda no primeiro semestre.

O Senar-MT é uma instituição de ensino rural e faz parte do Sistema Famato, assim como a Famato – entidade que congrega e representa os 86 Sindicatos Rurais de Mato Grosso – e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea-MT).