A CASA DA FAMÍLIA RURAL

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Senar-MT participa de missão técnica à Itália

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Entre os dias 5 e 12 de novembro, uma comitiva composta por diretores do Sistema Famato/Senar, representantes da Associação dos Produtores de Leite do Estado de Mato Grosso (Aproleite) e do município de Sorriso visitou a Itália para conhecer melhor a pecuária leiteira do país. Na agenda da missão técnica, encontros e visitas com produtores rurais e indústrias, além de universidades, organizações e órgãos do governo local.

Nesta entrevista, o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Tiago Mattosinho, fala das principais observações do grupo quanto à produção leiteira italiana, organização e gestão das propriedades, intercâmbio de tecnologia e sobre as metas para os próximos anos na cadeia produtiva do leite em Mato Grosso.

Como é o sistema de produção dos produtores italianos?

Tiago Mattosinho – O objetivo da visita foi conhecer uma região de produção de leite e derivados na região de Turin. Lá, observamos que os pequenos produtores encontraram no cooperativismo uma forma de industrializar a produção e transformá-la em outros produtos de muita qualidade. A diversificação de produtos derivados do leite mantida pela gestão familiar nos chamou muito a atenção. Conhecemos uma família composta por cinco membros responsáveis pelo processamento de leite, produção de queijo de vários tipos, iogurtes, requeijões e outros produtos. A fazenda soma 90 vacas de leite holandesas, que produzem em média 600 litros, dos quais a metade é direcionada para a cooperativa, e 50% ficam com a família para a produção de derivados. Um bom exemplo a ser seguido por produtores de qualquer parte do mundo. Por meio dessa união, eles criaram uma marca de queijo, a Fontina, e conseguiram uma legislação específica para patenteá-lo. Com isso, o produtor de leite daquela região é o único do mundo a comercializar o queijo com a marca, o que agrega valor ao produto. Aqui em Mato Grosso, a produção ainda é primária, pois produzimos e entregamos o leite cru direto aos laticínios. Portanto conhecer essa cadeia leiteira já desenvolvida foi muito interessante.

Além da gestão das propriedades, o que mais chamou a atenção?

Tiago Mattosinho – Tivemos a oportunidade de conhecer uma escola profissionalizante de tecnologia de alimentos, fruto de uma parceria público-privada que tem como objetivo qualificar profissionais para produção de derivados de leite e também de embutidos de carne. Os cursos e treinamentos são os mais diversos possíveis: vão de treinamentos para produtores e trabalhadores rurais, com cursos de cerca de 40 horas, como ocorre com o Senar-MT, até cursos mais completos para pessoas já formadas, com duração de até um ano. Nesse formato, os alunos recebem uma carga horária de 1.200 horas, sendo 480 horas em laboratório prático em fábricas e indústrias locais. Geralmente, são formados apenas 12 alunos nessa modalidade de curso. O grande diferencial dessa escola é a união da parte teórica com a prática, o que permite que os alunos saiam de lá realmente preparados para o mercado de trabalho. O diploma expedido pela escola é aceito em toda a comunidade europeia. Estudamos a possibilidade de firmar uma parceria com a instituição para dispor da maior qualidade possível de cursos para os nossos educandos para promover o intercâmbio de tecnologia e know how na fabricação de queijos e embutidos. Vamos manter contato permanente para avaliarmos a possibilidade concreta de termos instrutores do Senar-MT sendo qualificados pela escola italiana. Em Goiás, já temos um modelo bastante interessante, mas em menor escala.

A cadeia produtiva do leite tem merecido grande destaque nas ações do Sistema Famato/Senar. Quais são as metas futuras?

Tiago Mattosinho – O objetivo é congregar entidades e produtores da cadeia leiteira do Estado a fim de levantar demandas e soluções referentes ao setor. Este é nosso foco para os próximos anos. Temos na Famato uma comissão específica que se reúne mensalmente em busca de alternativas, como a criação de um fundo de fomento ao leite, que custeará as ações destinadas à cadeia leiteira, como acontece na soja, algodão e bovinocultura. Com esse mesmo propósito, foi criada a Associação de Produtores de Leite do Estado de Mato Grosso (Aproleite). Outra iniciativa é o Diagnóstico do Leite que está sendo elaborado pelo Imea, que traçará um raio-x do setor e nos norteará sobre as futuras ações. Nosso foco é trabalhar para o desenvolvimento da cadeia no estado. Sabemos que Mato Grosso tem um potencial enorme, agora precisamos evoluir e melhorar nosso conceito. Para isso, contaremos com parcerias de outras instituições e iniciativas públicas. Digo sempre que quando os produtores mato-grossenses entram numa atividade é para valer, como nos grãos e pecuária, sendo líder de produção. Com o leite não será diferente.