José Guarino cultiva uma área de 500 hectares no município de Sapezal, região Oeste de Mato Grosso. Os cuidados com a lavoura lhe renderam 2,7 mil toneladas (t) de grãos na safra 2010/2011, sendo 1,8 mil/t de soja e 0,9 mil/t em milho. No entanto, quando foi entregar a produção ao comprador, teve uma surpresa: os descartes. "Pelo menos 25% da soja e 15% do milho foram descontados devido a irregularidades dos lotes. Na soja, o problema maior foi com grãos ardidos", lamentou.
Quando o produtor chega com o caminhão no armazém ou na trading para descarregar o produto, são coletadas amostras para que sejam verificadas quantidades de impurezas – umidade, grãos imperfeitos e ardidos. "Quanto mais puros são os grãos, maior é o valor do lote", explica a engenheira agrônoma, Raquel da Silva Sá, classificadora de soja, milho, arroz e feijão pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para auxiliar produtores a compreender o processo de classificação feito nas transações comerciais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), em parceria com a Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso, oferece o curso de Classificação de Produtos de Origem Vegetal. "O objetivo é levar aos participantes informações sobre a metodologia utilizada pelos compradores de grãos durante a aquisição de soja e milho. Com esse aprendizado, eles terão o conhecimento técnico para acompanhar os procedimentos de descontos e poderão saber se o preço pago é devidamente correto", explica Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar.
Como suporte, a Aprosoja montou uma cartilha de procedimentos de descontos que contribuem para o entendimento entre produtores e compradores. Uma simulação feita pela entidade utilizando a cartilha mostra que o produtor chegou a pagar 0,62 saca por hectare na safra 2009/2010 por conta de divergências na padronização da classificação de grãos no estado.
Para prepará-los na comercialização da próxima safra 2011/12, já estão programados, até janeiro de 2012, cursos para os municípios de Canarana, Campo Novo do Parecis, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Sapezal, Sinop, Sorriso e Tapurah. Os participantes devem ser alfabetizados e a idade mínima exigida é 18 anos. Para obter mais informações, os interessados podem se dirigir ao Sindicato Rural mais próximo e aos núcleos da Aprosoja, parceiros do programa.
O Senar-MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso) é a entidade que atua na profissionalização rural voltada à homens e mulheres de todo o estado. Juntamente com o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e os Sindicatos Rurais, compõem o Sistema Famato.