A CASA DA FAMÍLIA RURAL

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Programa Apoena tem na reabilitação com cavalos seu diferencial

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Wilson Duarte, de 42 anos, morador de Várzea Grande, nasceu com paralisia cerebral, uma lesão provocada pela falta de oxigenação das células que pode prejudicar os sentidos humanos. Para auxiliar na recuperação, os médicos orientaram a mãe, Maria José, a colocá-lo em tratamentos fisioterápicos.

Foi o que ela fez. Há dez anos, quando surgiu a oportunidade, matriculou o filho na atividade que utiliza cavalos como ferramenta de reabilitação, a equoterapia. "Foi a melhor atitude que tomei. Depois que ele começou a praticar, houve uma evolução enorme em todos os sentidos. Progrediu na coordenação motora, na fala e, principalmente, no comportamento, pois o meu filho era muito nervoso".

Wilson é um dos 249 praticantes atendidos pelo Centro Equestre de Várzea Grande, um dos parceiros do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) no programa de inclusão de pessoas com necessidades especiais, o Apoena. O presidente do Sistema Famato, Rui Prado, e o superintendente do Senar, Tiago Mattosinho, estiveram no centro para acompanhar o trabalho. "Esse contato direto com os participantes é fundamental para podermos formatar melhorias no programa", disse Prado.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, no Brasil 14,5% da população apresenta algum tipo de incapacidade ou deficiência. Em Mato Grosso, esse índice é de 14%.
Com o objetivo de reduzir esses números e dar oportunidade para que mais pessoas possam se reabilitar, o Senar-MT prevê para 2012 um reordenamento dos recursos financeiros destinados aos parceiros. "Essa ajuda de custo até o momento é distribuída de forma igualitária entre os conveniados. No entanto, cada parceiro tem suas especificidades e alguns necessitam mais por terem um maior volume de atendimento. Nossa meta para o próximo ano é melhorar a distribuição do auxílio para que mais pessoas tenham a chance de ser atendidas pelo programa", observou Mattosinho.

Criado em 2005, o programa alcança hoje cinco municípios e seis entidades conveniadas. Neste ano já foram realizados mais de 6 mil atendimentos para 1,74 mil praticantes. "Cada instituição recebe do Senar uma assistência mensal para custear a aquisição de materiais, equipamentos de equitação, contratação de monitores, ração e produtos para os animais utilizados nas sessões de equoterapia", reforça Rui Prado.

Os atendimentos no Centro Equestre de Várzea Grande contam com uma equipe multidisciplinar, composta por 12 profissionais das nas áreas de psicologia, fisioterapia, pedagogia e equitação. "São profissionais capacitados para trabalhar com pessoas, na maioria crianças, que têm deficiências auditiva ou mental, que são hiperativas ou que tenham Síndrome de Down", explica o presidente da entidade, José Eduardo Ribeiro.

A fisioterapeuta Paula Vilas Boas, coordenadora da equipe, observa que a equoterapia requer cuidados especiais para preservar o bem estar do praticante. "Quando os alunos chegam aqui, fazemos uma triagem para identificar sua real necessidade durante as atividades. Em média, os praticantes frequentam o centro uma vez por semana, sendo 30 minutos por sessão. Mas depende das condições físicas e psicológicas de cada um".

Os municípios atendidos pelo Apoena são Cuiabá (Sindicato Rural de Cuiabá -Centro Hípico e Centro Hípico Rancho Dourado), Santo Antônio do Leverger (Sindicato Rural de Santo Antônio do Leverger), Sorriso (Sindicato Rural e Apae de Sorriso), Tangará da Serra (Sindicato Rural e Apae de Tangará da Serra) e Várzea Grande (Centro Equestre de Várzea Grande).

O Senar-MT, assim como os 86 sindicatos rurais de Mato Grosso, representados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, fazem parte do Sistema Famato.