Conectividade. Esse foi o assunto principal de terça-feira (10.09) na Parecis SuperAgro, considerada uma das maiores feiras de negócios do Brasil. O resultado de tanta discussão foi a expectativa de que até o fim de 2018 haja uma grande melhora na conectividade da região do Parecis que vive um apagão tanto de internet, quanto de telefonia.
Os produtores rurais, preocupados com essa onda de inovação tecnológica que invade o campo, procuraram o sindicato e juntos solicitaram ao Sistema Famato e também ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT) um diagnóstico sobre a conectividade na região. “Além da soja e do milho, somos grandes produtores de milho pipoca, girassol e várias outras culturas, mas a falta de internet e de telefonia atrasa o nosso desenvolvimento econômico”, reclama a presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Giovana Velke.
O presidente do Sistema Famato, Normando Corral, diz que buscar soluções para estes problemas também é papel do SENAR. “Por isso, fizemos esta parceria para fazer este diagnóstico e identificar os problemas de conectividade”. Segundo Corral, para participar da inovação que invade o campo, conseguirão apenas aqueles que tiverem uma boa conectividade.
O produtor rural, diretor do sindicato e coordenador do projeto de Conectividade, Adolfo Petry, estuda sobre as telecomunicações há seis meses e enfatiza que o problema é complexo e precisa de dedicação e investimento. “Mas tem solução”, garante. Ele endossa a fala da presidente do Sindicato e acrescenta que não adianta reclamar é preciso tomar iniciativa e trabalhar para solucionar o problema. “Estamos otimistas”.
“A ideia é conectar as máquinas aos centros de dados, facilitar e permitir o trabalho dos setores cooporativo dentro das propriedades rurais, como também melhorar a produtividade e a produção da região”, explica o superintendente do SENAR-MT, Otávio Celidonio. Ele acrescenta que além do setor do agronegócio, a conectividade também é importante para a educação. “Necessitamos de internet para nossos treinamentos a distância e para outros projetos que estamos estruturando para colocar em prática nos próximos meses”.
O produtor rural e ex-presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Alex Utida, conta que pelo menos uma vez por dia o setor cooporativo de sua propriedade rural para por falta de conectividade. “Além disso, o tempo de identificação dos problemas com máquinas e equipamentos agrícolas prejudica a produção e a produtividade. Com uma boa internet temos condições de identificar os problemas em tempo real”, explica Utida.
Mas não é só isso. O produtor José Almeida Ramos acrescenta que há uma dificuldade muito grande até para emitir uma nota fiscal para transportar a soja produzida na região. “Muitas vezes chegamos a ficar até 24 horas esperando melhorar a internet para conseguirmos emitir uma nota. Caso contrário, ou seja, se sairmos com o caminhão sem nota fiscal levamos multas que impactam muito em nosso orçamento”.
A lista dos problemas identificados pelo diagnóstico não é pequena e inclui situações como baixa capacidade de internet, conhecido como backbone, baixa qualidade de serviços prestados tanto fixo, quanto móvel, infraestrutura de telecomunicações insuficientes e a superação das grandes distâncias para trazer a internet pelas operadoras e provedores.
Petri destaca ainda que tudo isso causa um grande impacto econômico ao setor do agronegócio. “E também Inviabiliza o desenvolvimento de soluções e serviços avançados como, por exemplo, a internet das coisas”, diz Petry.
O Sistema Famato e o SENAR-MT junto com a Softex levantaram os problemas e também estão propondo algumas soluções. “Assim teremos um projeto piloto. A expectativa é de que com a ações propostas, até o fim de 2018 haja uma melhora considerável tanto na internet quanto na telefonia da grande região do Parecis”, explica o representante da Softex, Jorge Bittar.
Segundo ele, os produtores de Campo Novo do Parecis resolveram sair do muro das lamentações e se juntaram ao Sindicato de Produtores rurais, Sistema Famato e SENAR-MT para identificar os problemas, buscar as soluções e levar aos investidores e também aos parceiros a solução para o problema. “Vamos mostrar ainda que os investidores também poderão ter rentabilidade neste projeto".
Além do problemas levantados pelo diagnóstico de conectividade de Campo Novo do Parecis, foi realizado o painel Soluções para a falta de internet na região de Campo Novo do Parecis em que 12 empresas apresentaram dados e soluções que podem contribuir com o projeto. Uma delas é uma rede 4G privada com alta capacidade para atender o setor do agronegócio. “O mais interessante desta solução é que não há necessidade de uma operadora, ou seja, os próprios produtores poderão gerenciar a rede”.
A apresentação dos problemas e também das soluções animou os produtores da região. “Essa expectativa de ter uma melhora considerável da conectividade até o fim deste ano nos deixa bastante otimista. Com uma internet boa teremos condições de melhorar a produtividade e evitar muitos prejuízos”, enfatiza o produtor Alexandre Heichemen.