Você já se perguntou por que o agro brasileiro faz sucesso?

Embrapa Famato Show apresenta tecnologias que já fazem parte da lida no campo e também aquelas que devem revolucionar a produtividade sustentável

Nosso país alcançou, nos últimos 40 anos, um aumento crescente de produção de alimentos com produtividade e sustentabilidade, graças à ciência e trabalho duro dos produtores rurais defendeu Normando Corral, presidente da FAMATO (Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso) na abertura da Famato Embrapa Show, em Cuiabá. A feira foi uma iniciativa da Famato em parceria com Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) visando conectar o produtor rural com tecnologias de produção prontas para uso desenvolvidas pela Embrapa.

Foram visitadas 27 unidades da Embrapa de todo o Brasil e nestas visitas, foram selecionadas mais de 60 tecnologias de produção e projetos de pesquisa desenvolvidos com o intuito de melhorar a produtividade, eficiência e sustentabilidade do agro. A Embrapa é uma instituição pública de pesquisa criada em 1973 com a missão de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação. As tecnologias geradas pela instituição mudaram o panorama do setor, tropicalizando cultivares e técnicas, elevando o Brasil a líder na agricultura sustentável tropical, exportando técnicas e tecnologia para outros países do cinturão tropical.

Na iniciativa da Famato Embrapa e Senar, as tecnologias foram selecionadas baseadas em 4 temáticas, solos sustentáveis, agroenergia, sistemas integrados de produção e atualidades no manejo integrado de pragas, cada uma discutida em um painel muito bem representado por pesquisadores da Embrapa.

O painel de solos sustentáveis foi extremamente atual, diante da expansão das fronteiras agrícolas e da escassez de fertilizantes, falou-se sobre o potencial de solos arenosos para cultivo, opção de plantas para cobertura do solo, formas de palhada e nutrição de cultivos em tempos de preços elevados de fertilizantes. De acordo com o pesquisador Rafael Nunes, investir na construção de solo sempre é mais vantajoso e deve continuar a ser realizado na safra 22/23, ainda de acordo com Nunes, a partir de uma boa avaliação de fertilidade é possível redirecionar custos com adubação alternado dosagens e fontes, investindo naquilo que está mais limitado analisando se seria N-P-K (nitrogênio, fósforo e potássio) versus S-B-Mg (Enxofre, Boro e Magnésio) além de implementar nutrição foliar.

Paralelo às palestras, mais de 60 pesquisadores apresentaram as melhores novas soluções em uma feira onde foram demonstrados 19 aplicativos agropecuários, novas opções de forrageiras, 13 novos cultivares e 30 novas soluções biológicas para substituir produtos químicos no combate às pragas.

Entre os novos cultivares, Anderson Ferreira da Embrapa Trigo destaca dois cultivares de trigo para o cerrado, um para sequeiro e outro sistema irrigado, que tem batido recorde de produção com 160 sacas por hectare. Ferramenta fantástica com a qual buscamos a auto-suficiência de trigo no nosso país, especialmente importante neste momento de quebra de produção motivado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Outra solução revolucionária, foi o primeiro inoculante para a solubilização de fósforo, um elemento complexo, de alto valor e fundamental para o crescimento e produtividade das culturas. O inoculante desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo é formulado a base de duas bactérias que se associam a planta, produzindo ácidos orgânicos, que solubilizam o fósforo presente no solo, o deixando disponível para a planta.

Uma solução disruptiva é um sistema de classificação de defeitos em grãos de soja, um equipamento que classifica soja sem a necessidade da interpretação pessoal de um classificador. Este equipamento pode colocar fim ao atrito entre produtores e tradings (principalmente em anos chuvosos, quando tem-se maior volume de soja avariada) se for aceito por vendedores e compradores.

Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentou 30 soluções verdes para o controle biológico de pragas, entre macrobiológicos, (insetos de vida livre, como joaninhas e besouros) e parasitóides. Ivan destaca a Trichogramma, vespa que atua no controle da Lagarta do cartucho no milho, soja ou algodão. O processo funciona colocando armadilhas contendo feromônios sexuais, quando se capturam um número predeterminado de insetos, é o momento de liberar as vespas, que é feita com a utilização de drones. Além da eficiência e do menor custo, o controle biológico evita a resistência de pragas aos defensivos, propiciando um aumento dos insetos benéficos nas lavouras.

De acordo com Orlando Lúcio de Oliveira Júnior, da Embrapa Agrossilvipastoril, foram apresentados 8 variedades de forrageiras melhoradas (de variedades pré existentes que já funcionam bem) com destaque para uma variedade de andropogon, um capim que é muito utilizado no cerrado, especialmente cerrados que contém uma porcentagem de cascalho misturados a terra e considerados impróprios para agricultura, este capim foi a redenção deste tipo de solo.

Existem no universo da Embrapa 50 aplicativos entre agricultura e pecuária, destes, segundo o pesquisador André Minitti, 19 foram selecionados para estar na feira; são aplicativos para gado de leite, gado de corte, suínos e aves, além do Geneplus e Fazenda pantaneira sustentável, metodologia que dá um índice de sustentabilidade para fazendas do Pantanal. Na parte agrícola, adubação de soja, guia para feijão, informações agrometeorológicas, zoneamento agrícola de risco climático (ZARC embarcado dentro do app plantio certo) e PSR, programa de seguro rural do governo.

De acordo com Ricardo Arioli, presidente da comissão de fibras e oleaginosas da CNA, uma das tecnologias mais revolucionárias são os inoculantes para gramíneas, que pode levar a economia de adubação nitrogenada nas pastagens e milho e ainda ajudar o meio ambiente.

Os americanos vêm aqui buscar coisas desenvolvidas pela Embrapa, em breve 17 estados americanos estarão liberando o uso de inoculante para milho para uso nos eua.

Segundo Guy de Capdeville, diretor de pesquisa e desenvolvimento Embrapa, a pesquisa científica é a base do que o agro brasileiro é hoje, o produtor rural brasileiro adotou a ciência como ferramenta para o seu processo produtivo, este é o grande diferencial do agro nacional, foi um agro construído com base na ciência. Só para dar um exemplo, na cultura da soja, se produzíssemos os volumes que produzimos hoje com a tecnologia da década de 70, precisaríamos de 200% mais área, isto equivale 70 milhões de hectares de efeito poupa terra, 70 milhões de hectares equivalem a uma Alemanha e uma Bélgica juntos. Isto aconteceu no algodão, gado, que aumentou 80% da exportação sem aumentar um hectare de terra sequer.

Até 2025, mais um salto evolutivo está no cenário da agropecuária nacional: expandir os sistemas integrados de produção em 10 milhões de hectares com tecnologias capazes de mitigar 60 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²). No Famato Embrapa Show o que mais chama a atenção é a paixão pela pesquisa e ciência aliada a busca constante pela sustentabilidade para o agro brasileiro.

*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

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Fonte: Artigo publicado na Forbes

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