Capacitar produtores e equipes no Pantanal eleva a produtividade e a qualidade de vida no campo, afirmou Marcos Carvalho, analista de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em audiência pública conjunta realizada na segunda-feira (20/10) pelas comissões de Meio Ambiente do Senado e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
O programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) combina ciência, inovação e gestão para resultados mensuráveis. A iniciativa do Sistema Famato, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar MT) e em parceria com a Embrapa Pantanal, promove conservação do bioma e valoriza a pecuária sustentável, mostrando ser possível produzir com responsabilidade e preservação.
No projeto-piloto em 15 propriedades, durante os anos de 2019 e 2023, a idade ao primeiro parto caiu de 34 para 28 meses e a taxa de prenhez subiu de 41% para 70,92%. Hoje, 72 novas propriedades participam do FPS, somando 112 mil cabeças de gado e 247 mil hectares. A atuação já impacta mais de 300 mil hectares, com foco em manejo, bem-estar animal, indicadores produtivos e ambientais.
Marcos Carvalho destacou a participação histórica da pecuária extensiva de baixo impacto no Pantanal, atividade com mais de 300 anos de cultura e presença na região. Segundo ele, 95% do território pantaneiro está em propriedades privadas, responsáveis por conservar 83,15% da vegetação nativa. Dados da Embrapa Pantanal apontam 93% do bioma em áreas privadas e 84% de cobertura conservada, números que comprovam o papel dos produtores na proteção do ecossistema.
“O verdadeiro inimigo do bioma não é o produtor, mas os incêndios florestais. No esforço de preservação, pecuaristas e forças de segurança são aliados”, disse o analista da Famato. Ele informou que o FPS será apresentado na COP30 em Belém (PA) e dispõe de software que avalia o nível de sustentabilidade da fazenda e o potencial de melhoria, orientando planos de ação e metas, alicerçados em 56 indicadores técnicos científicos.
Para o Sistema Famato, os resultados do FPS extrapolam a porteira e embasam discussões de políticas públicas, como a Lei do Pantanal. O objetivo é ampliar a adoção de boas práticas, fortalecer a resiliência produtiva e manter o Pantanal como vitrine de alto valor ambiental, econômico e cultural.