O encerramento do Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio, realizado no Cenarium Rural, em Cuiabá, foi marcado por uma análise sobre o papel do Brasil no cenário global contemporâneo. A palestra de encerramento foi ministrada por Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics e uma das principais referências em economia internacional, com o tema “A Nova Globalização: Riscos & Oportunidades para o Agro Brasileiro”.
Ao abordar o conceito da nova globalização, Troyjo destacou as transformações nos fluxos comerciais e na geopolítica mundial, e como esses fatores impactam diretamente o agronegócio brasileiro. Segundo ele, o Brasil tem uma oportunidade estratégica única diante de um mundo cada vez mais multipolar e focado em segurança alimentar, energética e ambiental.
“O agro brasileiro é um dos poucos setores capazes de unir escala, eficiência e sustentabilidade. Em um momento em que as cadeias globais estão sendo redesenhadas, o Brasil pode deixar de ser apenas fornecedor de commodities e assumir o protagonismo como nação estratégica para o futuro do planeta”, afirmou Troyjo.

A palestra teve conexão com o propósito do evento, que durante dois dias reuniu especialistas do Judiciário, setor produtivo e acadêmico para debater temas como segurança jurídica, sustentabilidade, compliance e inovação no campo. O discurso de Troyjo ampliou a perspectiva dos debates, contextualizando o agronegócio brasileiro dentro de uma lógica global em transformação.
Logo após a palestra, Troyjo participou de um painel de encerramento ao lado do consultor jurídico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rodrigo Bressane; do desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia, Alexandre Miguel; e de João O. Gouveia Neto, Diretor de Relações Institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Rodrigo Bressane reforçou a necessidade de políticas públicas e normas jurídicas que favoreçam a competitividade e proteção do produtor rural diante do cenário internacional.
“Precisamos acompanhar essas mudanças globais com um sistema legal robusto, previsível e alinhado com os padrões internacionais. O agro brasileiro só alcançará sua plena inserção internacional se for também referência em governança e segurança jurídica.”, pontuou.

Já o desembargador Alexandre Miguel chamou atenção para a responsabilidade do Poder Judiciário em garantir um ambiente institucional seguro para o desenvolvimento do setor.
“O Judiciário tem papel decisivo na garantia de direitos e na pacificação de conflitos. Estamos diante de um novo momento em que o campo exige respostas céleres e técnicas, mas também sensíveis às peculiaridades do agronegócio”, destacou.
o produtor João O. Gouveia Neto reforçou o papel das entidades representativas na mediação entre os interesses dos produtores e as novas exigências globais. “É essencial que a pecuária e a agricultura estejam inseridas nesse debate geopolítico. A Acrimat tem atuado para que o produtor rural seja não apenas agente econômico, mas também ator institucionalmente preparado para os novos desafios do comércio internacional”, afirmou.
O Seminário foi promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). O evento contou com o apoio da Esmagis-MT, Fiemt, Fecomércio-MT, OAB-MT e Escola Superior de Advocacia de Mato Grosso (ESA-MT).