“O questionamento da globalização” foi um dos pontos abordados na abertura do segundo dia do Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio, em Cuiabá, nesta sexta-feira (23.05) realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT).
O evento foi prestigiado pelos senadores Jayme Campos e Wellington Fagundes e pela deputada estadual Janaina Riva.

Com o tema ‘Globalização e Disputas Comerciais Internacionais do Agronegócio’, a primeira mesa de debates reuniu o posicionamento do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ, Benedito Gonçalves, que participou com uma palestra à distância e o palestrante presencial Werner Grau, advogado especialista em Direito Ambiental, mestre em Direito Internacional e doutor em Direito Econômico Tributário.
Presidido pelo diretor geral da Escola Superior da Magistratura (Esmagis), desembargador Marcio Vidal, o painel trouxe ainda como debatedores a advogada Samantha Rondon Gahyva, pela Comissão do Agronegócio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) e o vice-presidente da Famato, Ilson Redivo, representando os produtores rurais.
Werner Grau fez um resgate histórico do crescimento dos países nas exportações e destacou que disputa sempre vão existir. Ele destacou os desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro. A advogada Samantha também citou que a rigidez da legislação ambiental imposta aos produtores do Brasil demonstra claramente um controle comercial e discrimantório. A representante da OAB lembrou que a Europa impõe uma legislação ambiental ao mundo, porém não tem floresta em pé, pois já devastou tudo.
O desembargador Marcio Vidal chamou atenção para que essa competição tenha clareza e seja norteada pela ciência. “Não podemos levar a discussão com base na opinião ou na ideologia, temos inteligência suficiente para neutralizar a opinião e ideologia”, destacou o diretor da Esmagis.

O vice-presidente da Famato Ilson Redivo, produtor rural em Sinop, trouxe uma contribuição forte sobre o quanto o setor agropecuário é penalizado nas questões comerciais e de legislação ambiental. Falou da moratória da soja e cobrou consciência coletiva para tratar dessas questões. Redivo frisou que 40,5% do território preservado é dentro das propriedades e que país nenhum no mundo tem uma legislação ambiental tão rigorosa.
Para a advogada especialista da área ambiental, Giselle Ferreira Vieira, participante do evento, a fala do produtor rural foi bastante positiva. “Ele se manifestou com muita autoridade e propriedade. Mostrou que o alto custo recai sobre o produtor rural, tanto em termos de esforço quanto de eficiência, para garantir a produção de alimentos para o país,” disse a advogada.
Ilson Redivo chamou atenção para os graves prejuízos causados pelas deficiências logísticas, que afetam não só os produtores, mas o Brasil como um todo competitividade da produção. O painel foi aprovado pelo presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen. “O palestrante deixou muito claro que a narrativa sobre meio ambiente e produção agrícola está diretamente ligada a disputas comerciais internacionais. E hoje é o nosso maior desafio”, disse Paulo Zen
São apoiadores do evento a Fiemt, Fecomércio-MT e OAB-MT.