O Seminário Multidisciplinar Internacional do Agronegócio teve início nesta quinta-feira (22/05) com o painel “Política Climática e Ambiental Global”, conduzido pelo ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Álvaro Pereira Leite. O evento reuniu lideranças do setor produtivo, representantes do governo, do Judiciário e especialistas em meio ambiente para discutir os desafios e oportunidades que as mudanças nas políticas ambientais globais impõem ao Brasil e, especialmente, ao agronegócio mato-grossense.
Realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), o seminário conta com o apoio da Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT), Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Fecomércio-MT, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e Escola Superior de Advocacia de Mato Grosso (ESA-MT). O objetivo do encontro é fomentar o diálogo qualificado sobre sustentabilidade, segurança jurídica e competitividade no campo.
O painel contou com a presença do presidente da Famato, Vilmondes Tomain; do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes; e do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), José Zuquim Nogueira.
Em sua explanação, Joaquim Leite destacou os principais compromissos internacionais assumidos por países e blocos econômicos, como o controle da emissão de gases de efeito estufa, o uso sustentável da floresta nativa, o combate ao metano, a proteção da biodiversidade e o controle da poluição do ar e das águas. “O Brasil tem um diferencial ambiental que poucos países possuem. Temos 66% da vegetação nativa preservada, a maior biodiversidade do planeta e 90% da matriz energética baseada em fontes renováveis”, afirmou.
O ex-ministro alertou para as novas regras ambientais que impactam o comércio global, como a Lei Europeia Antidesmatamento, e ressaltou que o Brasil precisa se posicionar estrategicamente frente a essas exigências, aproveitando as oportunidades econômicas que elas oferecem. “O setor agro pode se tornar protagonista em áreas como biometano, reciclagem, agricultura de baixa emissão e economia circular”, disse.
Durante a apresentação, Leite trouxe dados que reforçam a relevância ambiental do país no cenário internacional: fontes de água doce renováveis — o Brasil lidera com 8.647, seguido pela Rússia (3.069) e pelos EUA (3.069); florestas — o Brasil possui a segunda maior área de floresta do mundo, com 497 milhões de hectares, sendo 50% em propriedades privadas; biodiversidade — mais de 116 mil espécies animais e 46 mil espécies vegetais, número que coloca o país no topo da lista mundial.
Entre os destaques sobre reciclagem, o palestrante enfatizou que, no setor agropecuário, o Brasil lidera o retorno de embalagens de defensivos agrícolas, com uma taxa de 94%, à frente de países como Alemanha (76%), Canadá (75%) e EUA (60%).
“Estamos vivendo um momento em que os compromissos ambientais se transformam em vantagem competitiva para o Brasil. Temos as ferramentas e os resultados. Agora é hora de mostrar isso para o mundo com estratégia, diplomacia e articulação entre os setores público e privado”, concluiu Leite.

Para o presidente da Famato, Vilmondes Tomain, o debate é essencial para preparar o setor produtivo para as novas exigências globais. “O produtor rural brasileiro é parte da solução. Já produzimos com responsabilidade ambiental e temos condições de ampliar essa contribuição, gerando renda, emprego e sustentabilidade”, afirmou.
O seminário segue com outros painéis e palestras ao longo do dia 23 de maio (sexta-feira). Confira a programação: