A ovinocultura em Mato Grosso acaba de dar um passo decisivo para se tornar uma atividade econômica relevante no agronegócio estadual. A principal conquista até o momento foi a aprovação, pelo Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat), de um incentivo fiscal para operações internas e interestaduais com produtos de origem ovina. A proposta foi validada na 26ª reunião do Conselho e oficializada por meio da Resolução nº 239/2025, publicada no Diário Oficial do Estado em 5 de abril. O benefício é considerado um marco histórico para o setor.
O avanço é resultado de uma articulação liderada pela Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos (Ovinomat), que buscou o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) para estruturar e fortalecer a cadeia produtiva de pequenos ruminantes no Estado. A entidade aposta no potencial da atividade como uma nova e promissora frente do agronegócio mato-grossense.
A parceria com a Famato mobilizou uma força-tarefa técnica integrada por profissionais da própria Federação, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). O grupo analisou aspectos fiscais, sanitários e técnicos da cadeia, identificando gargalos e propondo soluções para destravar o setor.
“A aprovação do incentivo fiscal para a ovinocultura é um marco para Mato Grosso. A Famato, junto com a Ovinomat, Imea e o Senar-MT, trabalhou para viabilizar essa conquista. Acreditamos no potencial da atividade como nova fonte de renda no campo e seguiremos apoiando os produtores na profissionalização do setor”, disse o presidente do Sistema Famato, Vilmondes Tomain.
Estudo do Imea revelou que o número de ovinos abatidos com selo de inspeção sanitária em Mato Grosso não passa de duas mil cabeças por ano — um número irrisório frente ao potencial produtivo estadual. O levantamento apontou ainda que a carne ovina pode alcançar preços até três vezes superiores aos da carne bovina no mercado internacional, evidenciando uma oportunidade econômica estratégica.
Outro dado relevante é a possibilidade de adaptação de frigoríficos já existentes no Estado, muitos deles com certificações estaduais e federais, para o abate de ovinos. Isso representa uma vantagem competitiva e a chance de rápida integração da indústria à cadeia produtiva.
As conclusões constam em um relatório final elaborado com a participação da Famato, Ovinomat, Fórum Agro e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), que confirmou a viabilidade técnica e econômica da ovinocultura em Mato Grosso. Entre as principais recomendações estão a criação de incentivos fiscais e investimentos em estruturas de abate.
Com base agropecuária consolidada, infraestrutura logística disponível e abundância de insumos e alimentos, Mato Grosso tem todos os ingredientes para desenvolver uma nova e sustentável cadeia produtiva.
“O Sistema Famato atua de forma estratégica nesse processo: o Imea gera dados e inteligência de mercado, o Senar-MT capacita e assiste os produtores, e a Famato articula politicamente o setor”, disse o superintendente da Famato/Imea/AgriHub, Cleiton Gauer.
A iniciativa também conta com o engajamento do Governo do Estado, por meio da Sedec, que tem apoiado a formulação de políticas públicas para fomentar a atividade. A Ovinomat tem se destacado na representação dos produtores e na mobilização de esforços em favor do crescimento do setor.
Diante desse novo cenário, o Sistema Famato, com seus sindicatos rurais e o Senar-MT, reafirma o compromisso de apoiar os produtores interessados em investir na ovinocultura, oferecendo suporte técnico, capacitação e incentivo à profissionalização da atividade.
A consolidação da cadeia produtiva também representa uma oportunidade de diversificação e crescimento para a indústria frigorífica mato-grossense. A expectativa é que, com a união dos elos do setor, Mato Grosso se torne, em breve, referência nacional na criação e comercialização de ovinos.
