O ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), José Antônio De Ávila, conhecido como Zeca D’Ávila, foi homenageado quinta-feira (05/04) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) em reconhecimento aos serviços prestados em prol da pecuária brasileira. A homenagem aconteceu durante a cerimônia de comemoração Brasil Livre da Febre Aftosa, realizada em Cuiabá, no auditório da Famato. A solenidade faz parte do calendário de comemorações do Mapa, de 2 a 5 de abril, que celebram a Semana Brasil Livre da Febre Aftosa.
Zeca D’Ávila liderou a Famato entre os anos de 1992 e 2004, onde dedicou todos os esforços pela valorização e reconhecimento da pecuária brasileira. Ele teve durante anos a responsabilidade e o peso de representar o estado que possui o maior rebanho de bovinos do país. Das bandeiras defendidas pelo ex-presidente, que também é pecuarista, a erradicação da febre aftosa sempre esteve presente.
Segundo D’Ávila, foram dias difíceis, de muito trabalho e dificuldades, porém todos os esforços valeram a pena. “Hoje estamos aqui comemorando os frutos desse trabalho. Foram anos de luta e dedicação, mas sabíamos que um dia receberíamos o reconhecimento merecido. Estou muito feliz com a homenagem, portando estendo o reconhecimento aos meus companheiros, alguns estão aqui, outros aposentados, mas também não posso esquecer daqueles que não estão mais entre nós. Se aqui estivem, em vida, também seriam homenageados. A todos o meu agradecimento. Também agradeço a todos os órgãos oficiais de defesa sanitária de Mato Grosso pelos esforços em erradicar a doença, mas especialmente parabenizo todos os pecuaristas, sem vocês seria impossível chegar a esse resultado”, discursou.
Resultado do trabalho do ex-presidente foi a criação, em 1994, do Fundo Emergencial Febre Aftosa de Mato Grosso (Fefa-MT). O fundo foi fundamental para a abertura dos mercados externos para a carne brasileira para mais de 100 países e, em especial, o mercado europeu. O legado desse trabalho é o Fundo Emergencial de Saúde Animal de Mato Grosso (Fesa-MT). O Fesa-MT é tido como exemplo para outros estados brasileiros que ainda não têm um fundo emergencial de saúde animal.
Zeca D’Ávila sempre foi conhecido pela atenção especial que deu aos países que fazem fronteira com Mato Grosso. Em 1997, enquanto presidente da Famato, intermediou o Plano Interinstitucional Brasil/Bolívia. A ideia era manter uma relação comercial formal com os bolivianos.
Na época, a Bolívia não realizava a vacinação contra a febre aftosa e o primeiro passo era imunizar o rebanho para que a transação comercial fosse consolidada. De lá para cá, o Fesa-MT em parceria com a Famato e Indea-MT fizeram doações de doses de vacina contra a doença. Graças à parceria, o governo boliviano passou a vacinar o rebanho.
Em reconhecimento ao bom relacionamento Brasil/Bolívia, em 1998, o pecuarista e ex-presidente da Famato recebeu uma comenda do governo da Bolívia em agradecimento pelos trabalhos estendidos ao país boliviano.
Zeca D’Ávila também foi representante oficial brasileiro da Comissão-Sul Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa). Em 2000, Zeca recebeu o certificado “Mato Grosso Estado Livre da Febre Aftosa com Vacinação”.
O presidente do Sistema Famato Normando Corral contou que chegou em Mato Grosso no início da década de 80 e no final dessa década uma das suas atividades era a comercialização de gado. Ele comprava gado de frigorifico, como também comprava e vendia para pecuaristas. Anos depois, Corral se tornou pecuarista e da sua trajetória acompanhou e vivenciou a dedicação do setor pela erradicação da doença em Mato Grosso até chegar ao status de livre da doença com vacinação. “Eu atribuo essa conquista à união dos servidores do Indea, Mapa e os produtores rurais do estado. O empenho, a fiscalização e o rigor nas atividades do Fefa e os demais órgãos de defesa sanitária fizeram chegarmos onde estamos. Estão todos de parabéns e eu me orgulho de fazer parte disso”, discursou Corral.
Também foram homenageados por fazerem parte da história da erradicação da febre aftosa em Mato Grosso Donizete Pereira Mesquita, do Mapa, o médico veterinário Ênio José de Arruda Martins (in memoriam), a engenheira-agrônoma Alzira Araújo Menezes Catunda, a médica veterinária Rísia Lopes Negreiros, o médico veterinário Fernando Antônio Moretto, os médicos veterinários João de Freitas, Ivo Pedroso Santana (in memóriam) e Paulo Antônio da Costa Bilego e o vice-presidente da Acrimat Amarildo Merotti.
Certificação – O Brasil receberá o certificado Internacional de zona livre de febre aftosa com vacinação, abrangendo os estados do Amapá, Roraima, partes do Amazonas e Pará. Com isso, o processo de implantação de zonas livres de febre aftosa alcança toda a extensão territorial brasileira e o país torna-se livre da febre aftosa.
As ações empreendidas no Brasil para eliminar a doença do rebanho brasileiro serão reconhecidas na 86ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da OIE, em Paris, na França, de 20 a 25 de maio deste ano, em um encontro com delegados de 181 países membros e com a presença de chefes de estados e autoridades.