O grupo de produtores rurais de Mato Grosso que está em Missão Técnica na França visitou, segunda-feira (19/06), a cooperativa Terrena, a principal de produtores rurais da França e a segunda maior da Europa. Localizada no Vale do Loire, a cooperativa tem 130 anos de história, conta com 29 mil associados, mais de 15 mil trabalhadores assalariados, investe cerca de 100 milhões de euros por ano e movimentou 5,2 bilhões de euros em 2016. No continente europeu, a Terrena é conhecida por seus valores e sua credibilidade econômica. Buscando desenvolver o território, valorizar o produtor rural e agregar valor aos produtos locais.
A Missão França é realizada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). Integram o grupo, produtores rurais, presidentes e dirigentes de sindicatos rurais, representantes das três fazendas ganhadoras do Prêmio Sistema Famato em Campo Edição 2016, os vencedores do Prêmio de Mobilização 2015 do Senar-MT, diretores e colaboradores do Sistema Famato.
O objetivo da viagem, que segue até o dia 25 de junho, é promover a troca experiências e adquirir conhecimentos que poderão inspirar e auxiliar o desenvolvimento da produção mato-grossense. “A ideia de levar os líderes do agro mato-grossense à Terrena surgiu em 2015 quando um grupo de produtores cooperados esteve em Mato Grosso para conhecer o sistema produtivo do estado”, contou o diretor de Relações Institucionais da Famato, José Luiz Fidelis.
A cada safra, os cooperados da Terrena produzem mais de 2,5 milhões de toneladas de cereais em uma área de quase 3 milhões de hectares, o que dá em média 100 hectares por produtor cooperado. Juntos os produtores da Terrena são líderes na produção de vinho, ocupam o 2º lugar na produção de carne de aves e bovinos e o 5º lugar no ranking de produção de cereais no país.
O presidente do Sindicato Rural de Poxoreú José Jorge Sobrinho disse que levará esse exemplo de cooperativismo para o município. “Acredito que seja possível implantar um processo semelhante ao da Terrena junto com os pequenos produtores de Poxoréu, agregando valor ao que é produzido, oferecendo produtos de qualidade ao consumidor e gerando mais renda ao nosso produtor e consequentemente para o munícipio”.
Ao todo a cooperativa possui seis polos de atuação e 10 cadeias produtivas. De acordo com o presidente diretor da Terrena Grand Public, Gérard Guilbaud, um dos segmentos que mais crescem é o da produção de alimentos biológicos, orgânicos, com apelo ambiental que hoje conta com 600 produtores. “Por ano o consumo desses produtos aumenta 2% na França”, explicou Guilbaud.
Inovação – Com o objetivo de entregar um produto mais saudável ao consumidor final, diminuindo custos ao produtor rural e agregando valor, a Terrena lançou a La Nouvelle Agriculture (Nova Agricultura). O projeto nasceu do desejo dos agricultores franceses em construir uma relação forte e direta com o consumidor. A intenção é tornar produtos de qualidade acessíveis ao maior número de pessoas.
“O lema da La Nouvelle Agriculture é produzir mais com menos. Ou seja, queremos diminuir o conflito entre aumentar a produção com a utlização cada vez menor de recursos naturais, como a água e o solo, uso de defensivos agrícolas, de fertilizantes, de combustíveis, antibiótcos, entre outros. Esse é o nosso grande desafio”, informou.
O engenheiro agrônomo e guia da Missão Ricardo Arioli disse que achou essa ideia da cooperativa fantástica. “Em vez de encarar o desafio de produzir mais com menos como uma punição para o produtor rural, a cooperativa tem feito disso uma forma de agregar valor. Lançou um novo selo e comunica à sociedade que o produto é produzido de forma diferente. Acredito que seja possível adotarmos isso em Mato Grosso, até porque temos em nosso estado a preservação ambiental por meio das reservas legais dentro das propriedades, temos que nos unirmos e comunicarmos isso para a sociedade”.
Nesta “Nova Agricultura”, um grupo de 120 produtores franceses, chamados “Sentinelas da Terra”, testam mais de 25 soluções em suas fazendas. Segundo Guilbau, todas as áreas de inovação são exploradas, como a conservação do solo, gestão da água, ferramentas e máquinas agrícolas, saúde e nutrição animal, etc. “Estes testes nos permite encontrar soluções validadas em pesquisa, verificar o desempenho técnico, econômico e ambiental em condições reais, para depois as implantarmos”, destacou Guilbaud.