O desafio do Brasil de garantir a produção de 965 milhões de toneladas de alimentos para o mundo em 2050 e a forma como gerenciar o que considera o grande negócio do país, o agro, do ponto de vista da sustentabilidade foram os eixos da participação do presidente do Sistema Famato/SENAR-MT, Rui Prado, no XXV Encontro Brasileiro de Administração (Enbra), em Cuiabá. Como um dos palestrantes do painel “A Administração no Agronegócio”, na manhã desta sexta-feira (16.09), Prado teve a companhia de outros membros do Sistema, o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT), Otávio Celidonio, e o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
“O Brasil, para melhor, precisa fundamentalmente de administradores, inclusive no aspecto político. E esse tal de agronegócio está por toda parte, ele é parte da nossa vida, da nossa sociedade, gerando emprego, riqueza, desenvolvimento e pesquisa. É a vocação do Brasil e isso garante sua segurança alimentar”, destacou o presidente do Sistema Famato convidando a plateia a se atentar às oportunidades que o setor agropecuário oferece a partir das demandas mundiais.
Prado lembrou que o setor do agronegócio, tendo Mato Grosso como o protagonista na produção de alimentos do país, é o responsável por garantir a balança comercial favorável, além de se manter na geração de renda e emprego, enquanto outros setores econômicos vêm tendo retração. Porém, a agropecuária também precisa vencer desafios para se manter ascendente, segundo ele.
“Nós precisamos ter segurança alimentar internamente mas, também, realizar os negócios para garantir a balança comercial favorável, que é importante para o país. Enquanto isso, nossa logística precisa ser mais eficiente, e isso é um gargalo. Nós precisamos ter mais educação técnica qualificada, e aqui chamo a atenção para administradores também, e, logicamente, precisamos de um país mais justo, com menos tributos”, enumerou.
O Superintendente do SENAR-MT reforçou a necessidade do enfrentamento direto quanto à qualificação de mão de obra no país, sobretudo para atingir a contribuição que é esperada do Brasil, dentro dos próximos 34 anos, para atender a demanda de alimentos no mundo. Conforme estudos apresentados por ele, a população mundial crescerá 31% no período e o país será o responsável por garantir 18% do alimento a ser consumido, o que equivale o montante de 965 milhões de toneladas. Hoje, o país é responsável por 7% da comercialização de grãos mundial.
“Nessa perspectiva, o Brasil tem pontos positivos, limitações e pontos muito negativos. A falta de qualificação profissional é um desses pontos, que advém de um nível de escolaridade muito aquém, principalmente no nosso setor. O SENAR-MT vem ampliando cada vez mais seu portfólio para tentar, por um lado, atender a demanda do produtor e, por outro, melhorar essa situação”, apontou Celidonio.
Latorraca, encarregado de transmitir um panorama da empresa rural em Mato Grosso e os desafios de gestão que elas enfrentam, traçou o perfil do produtor do Estado. Conforme ele, o contingente de 50% tem propriedades de até 1 mil hectares e contam, em geral, com apenas um gerente técnico para tocar a propriedade. Nesse contexto, enfrenta riscos de todas as ordens: financeiro, de produção, fundiário, de conhecimento, de mercado e socioambiental.
“Para se ter uma ideia, em uma pesquisa recente contratada pelo SENAR-MT, demonstrou que 41% dos produtores entrevistados fazem mapa de fertilidade de solo. Porém, apenas 18% deles fazem o mapa de colheita. Ou seja, não avaliam o resultados do trabalho. Isso é um problema de gestão, que o impede de obter eficiência. As empresas rurais têm desafios cada vez mais fortes e, principalmente, de gestão”, destacou.
O Enbra é um evento realizado pelo Conselho Federal de Administração (CFA) e Conselho Regional de Administração de Mato Grosso (CRA-MT).