A participação das mulheres na liderança dos Sindicatos Rurais de Mato Grosso tem crescido nos últimos anos. Dos 89 sindicatos do estado, atualmente quatro são presididos por mulheres e nas últimas gestões mais três ocuparam essa função. Além de líderes, assumem na rotina diária diversos papéis: mães, companheiras, donas de casa, empreendedoras, produtoras rurais, entre outras atividades.

Para homenageá-las no Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8 de março), a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) traz a primeira matéria da série especial que será divulgada ao longo deste mês. Nesta destacamos a primeira mulher a presidir um Sindicato Rural em Mato Grosso, isso no ano de 1999, no município de Nova Mutum: Leane Simone Altmann.

Aos 50 anos, Leane é casada, mãe de três filhos, cuida da casa e das atividades da fazenda. Nasceu em Carazinho (RS), é graduada em Ciências Jurídicas e Sociais e cultiva soja e milho há mais de 20 anos em Nova Mutum.

No Sindicato Rural de Nova Mutum é possível encontrar os reflexos positivos da atuação desta mulher. Eleita em 1999, presidiu o sindicato até 2003. Além disso, fez parte da diretoria nos triênios de 1996-1999, 2003-2006 e 2006-2009. Em 2008, Leane assumiu o sindicato interinamente na ausência do presidente Alcindo Uggeri e do vice-presidente Luiz Carlos Gonçalves.

A ruralista foi membro de diretoria da Famato nos triênios 2001-2004 e 2004-2007 e ainda participa do Conselho de Administração do Sicredi no município de Nova Mutum. Também participou da fundação da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), entidade na qual foi delegada durante 10 anos.

Entre os compromissos assumidos no sindicato, se dividia entre os cuidados com a família, afazeres da casa e na produção de soja e milho na propriedade familiar. "Não era uma tarefa nada fácil, mas era prazerosa. O mesmo carinho e cuidado que dedico à minha família e à minha casa dedico aos meus companheiros produtores rurais. Sou uma mulher realizada tanto na vida pessoal como na profissional, muitas vezes penso de quanta energia tinha, acredito que levada pelo idealismo", afirmou.

Leane trabalha pele categoria há mais de 20 anos. Ela conta que viveu momentos inesquecíveis à frente do sindicato, como a experiência de participar dos movimentos "Caminhonaço" e "Tratoraço". "Esses movimentos foram importantíssimos para o ruralismo brasileiro, ganhamos respeito e ainda mostramos que temos força e voz ativa no governo", contou.

Em Nova Mutum foi formado um grupo de coordenadores, do qual Leane fez parte, para liderar o movimento "Grito do Ipiranga", quando os produtores rurais do norte do estado reivindicaram ao governo federal preços melhores na venda da safra e logística da produção. "Foi um momento importante para mim enquanto sindicalista e para o sindicato que mostrou a força do homem do campo, pois a participação dos produtores rurais fortaleceu a classe em um movimento classificado como um dos maiores do setor agrícola na história do país em uma união com municípios vizinhos em prol de melhorias. Vale enfatizar que em Nova Mutum o Grito do Ipiranga foi um movimento da família ruralista, pois tivemos a participação fundamental dos jovens e mulheres. Juntos, a família ruralista fez a vitória".

Entre as conquistas como líder, ela destaca também o apoio na inauguração da primeira sede do sindicato e a construção de um Centro de Treinamento para os cursos de capacitação, qualificação profissional, palestras e seminários no município.

A primeira mulher presidente de Sindicato Rural de Mato Grosso deixa uma mensagem de incentivo àquelas que devem ser lembradas todos os dias do ano. "É importante que as mulheres da geração de hoje se deem conta e valorizem as lutas e conquistas das mulheres do passado, como o direito ao voto, ao trabalho fora de casa e outros, até por que a presente situação das mulheres é o reflexo do passado. As mulheres contemporâneas não querem apenas homenagens e palavras bonitas, querem o fim da discriminação e da violência, igualdade para todos, direito ao trabalho digno, à saúde e à educação. Lutamos  pela igualdade entre homens e mulheres, para formarmos o pilar inicial da sociedade que é a família, que se constrói com respeito ao próximo, indiferentemente do gênero".

Outros sindicatos – Atualmente, os Sindicatos Rurais de Mato Grosso que são presididos por mulheres são: Gaúcha do Norte, liderado pela produtora Neuza Cecília Wessner (gestão de 2013/2016); Chapada dos Guimarães, presidente Deusimar Muiz Lima (2014/2017); Campo Novo do Parecis, presidente Giovana Terezinha Velke (2015/2018) e Cocalinho, presidente Anita Ferreira (2016/2019). Também passaram pela liderança sindical as produtoras Cecília Stafuzza, de Matupá, no período de 2008 a 2014, e Delúbia Borges Tulha, de São José do Xingu, de 2012 a 2015.