Recentemente, diversos países como Estados Unidos, China, Canadá, entre outros, vivenciaram um surto de influenza aviária (IA) que ocasionou problemas socioeconômicos e prejuízos de bilhões de dólares. Só nos Estados Unidos o prejuízo foi de 1,3 bilhão de dólares com mais de 48 milhões de aves afetadas. O problema ganhou repercussão nos principais jornais norte-americanos, pois faltaram ovos e aumentaram os preços da carne de frango. Para alertar aos avicultores das graves consequências econômicas que o Brasil pode sofrer em caso de contaminação pelo vírus IA, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) orienta medidas de biosseguridade.
A influenza aviária não tem tratamento. “Quando o vírus é confirmado em uma criação, todas as aves são abatidas para evitar propagação. E esse abatimento ocasiona prejuízos financeiros imensuráveis. Nesse caso as restrições de exportação são inevitáveis”, alerta o analista de pecuária da Famato e veterinário Marcos de Carvalho.
A notificação é obrigatória e imediata também para a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e Organização Mundial de Saúde (OMS), por se tratar de uma doença que representa grave problema à saúde humana. Além disso, qualquer ocorrência de mortalidade anormal das aves ou doença com sinais compatíveis com a influenza aviária devem ser notificadas ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), que ficará responsável em coletar material sorológico para análise.
As principais formas de contágio das aves e dos seres humanos é o contato direto com secreções de aves infectadas, fezes, vetores mecânicos (veículos, materiais e equipamentos), roupas e calçados contaminadas.
O fator que preocupa os órgãos de defesa brasileiros são as aves migratórias que vêm do continente norte-americano nessa época do ano em busca de calor e alimento. Em Mato Grosso, existem dois sítios, sendo um no Pantanal e outro no Araguaia, onde essas aves pousam e podem contaminar as que estão nos arredores das respectivas regiões. Há uma previsão de que essas aves migratórias sejam monitoradas através da coleta de material sorológico. O Estado possui cerca de 620 granjas comerciais para produção de aves para abate e produção de ovos.
O Brasil é o 3° maior produtor mundial de carne de frango e de peru, onde 70% da produção são destinados para o mercado interno. É o maior exportador mundial da carne de frango, abastecendo mais de 150 países com receita cambial de oito bilhões de dólares.
Por mais que o vírus possa chegar ao país pelas aves silvestres, a proteção das granjas é necessária com medidas de biosseguridade para impedir sua entrada na produção. Conforme o Carvalho, no Brasil existe uma Instrução Normativa publicada pelo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com medidas de biosseguridade, porém ainda existem avicultores que não estão em conformidade, especialmente as instalações menores e mais antigas que não possuem estruturas adequadas com telas de proteção. “Barracões inadequados facilitam o acesso de aves silvestres à produção”, pontuou.
Em Mato Grosso, no caso de propriedades que possuem aves vivendo soltas, o produtor deve procurar uma unidade do Indea-MT mais próxima e efetuar as atualizações necessárias, podendo informar a quantidade de aves na comunicação da vacinação da febre aftosa.
De acordo com informações do Mapa, o problema não é o vírus chegar ao Brasil, mas se o setor produtivo está blindado à entrada dele. Os órgãos de defesa como o Indea-MT e o Mapa devem estar à frente de trabalhos de detecção precoce dos casos positivos, diagnósticos rápidos, adoção de medidas sanitárias imediatas e conscientização dos produtores.
O veterinário defende a criação de um fundo de amparo aos avicultores que forem prejudicados em caso de mortalidade das aves. “Acreditamos que seja necessário maior investimento nos serviços de vigilância e isso torna relevante a criação de fundos emergenciais sanitários”, disse Marcos.
A Famato, entidade de classe que representa 89 Sindicatos Rurais de Mato Grosso, completa 50 anos no dia 16 de dezembro de 2015. Ao longo dessas cinco décadas levantou diversas bandeiras em prol do produtor. Lidera o Sistema Famato, composto pela Famato, Sindicatos Rurais, Senar-MT e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Essa trajetória é celebrada graças ao trabalho dos produtores rurais e dos colaboradores. Acompanhem nossas redes sociais pelo www.facebook.com/sistemafamato e @sistemafamato (instagram e twitter) #Famato50anos.