Nas últimas cinco décadas, Mato Grosso deixou de ser o "patinho feio" do Brasil, distante dos grandes centros consumidores, com solo ácido e impróprio para a agricultura. De seus 267 anos, a Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) está presente em 50, cuja data histórica será comemorada no dia 16 de dezembro de 2015. A história e a contribuição da Famato para o desenvolvimento do agronegócio sempre caminharam juntas com o crescimento econômico e social de Mato Grosso.
As dificuldades de acesso aos municípios pela dimensão territorial do estado marcaram os primeiros anos de organização da classe produtora rural. Mas o espírito empreendedor dos produtores contribuiu para que a união da classe superasse as dificuldades econômicas e logísticas da região.
De 1957 até 1963, os produtores rurais eram representados pela Federação das Associações Rurais de Mato Grosso (Farmato) – formada por 26 Associações Rurais. De "Associação", a Farmato foi transformada em Federação Sindical por meio da Carta Sindical expedida no dia 16 de dezembro de 1965, subscrita pelo Ministro do Trabalho da época, Walter Perachi Barcelos, passando a denominar-se Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Famato). Mais tarde, a "pecuária" também foi agregada ao nome da entidade transformando-se em Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
Após a investidura sindical da Famato, as Associações Rurais seguiram o mesmo caminho transformando-se em Sindicatos Rurais. Com a divisão do Estado, em 1979, Mato Grosso ficou com 14 sindicatos localizados nos municípios de Alto Araguaia, Arenápolis, Barra do Bugres, Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Diamantino, Dom Aquino, Jaciara, Nortelândia, Poconé, Poxoréo, Rondonópolis e Rosário Oeste. Hoje somam 89 espalhados em diversos municípios.
Ao longo de seus 50 anos, a Famato sempre trabalhou para atender as demandas dos produtores rurais. Definiu e elaborou políticas regionais e programas especiais de desenvolvimento para o setor, defendeu em juízo os legítimos interesses dos produtores rurais por meio de ações coletivas como mandado de segurança coletivo, ações civis e públicas. A instituição também assessorou e orientou os produtores sobre assuntos relacionados ao setor que abrangem as áreas de crédito rural, assistência técnica, extensão rural e reforma agrária e contribuiu com qualificação de mão de obra por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), instituído em 1994.
De 1957 a 1968 a Famato foi presidida pelo coronel Daniel Queiroz. De lá para cá mais cinco presidentes lideraram a instituição: os engenheiros agrônomos Bento Machado Lobo (1969/1971) e Gabriel Júlio de Mattos Müller (1971/1992), o produtor José Antonio de Ávila (1992/2004), mais conhecido como Zeca D’Ávila, o ex-deputado federal Homero Pereira (2004/2010) e, atualmente, o produtor e médico veterinário Rui Prado (2010/2016).
O advogado e Assessor Jurídico da Famato Dr. Luiz Alfeu – que trabalha há 40 anos na entidade e, inclusive, foi presidente em 1981 quando o então presidente da época Gabriel Müller precisou se ausentar – lembra que antigamente os produtores rurais não viam com bons olhos a transformação das associações em sindicatos rurais. "A imagem que eles tinham era o excesso de mobilização sindical. O conhecimento que tinham de sindicato era do ABC paulista que fazia greves e que resultou no golpe militar de 64. Então olhavam aquilo com uma desconfiança enorme. Foi uma resistência que precisou ser vencida", recorda.
Com o tempo, o sindicalismo rural ganhou força e hoje, conforme destaca Alfeu, a Famato está representada pelos sindicatos rurais em 89 municípios de Mato Grosso. "Com a evolução histórica da Famato, a entidade ganhou mais força e autonomia para agir em prol dos produtores. Por ser uma entidade independente e não estar atrelada ao governo, pode se posicionar como um órgão crítico, se manifestar e se defender", acrescenta.
Para o atual presidente, Rui Prado, a Famato tem uma importância estratégica na representatividade dos produtores rurais de Mato Grosso. "Com a maturidade e por ter testemunhado muitas mudanças, a Federação adquiriu autoridade para se posicionar perante a sociedade e o poder público. Tivemos importantes conquistas nesse tempo e acredito que isso nos dá ainda mais credibilidade para contribuir com o futuro do agronegócio do nosso estado e, inclusive, do Brasil", opina.
Atualmente o Sistema Famato é formado pela Famato, 89 Sindicatos Rurais, Senar-MT e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Essa trajetória é celebrada graças ao trabalho dos produtores rurais e dos colaboradores. Acompanhem nossas redes sociais pelo www.facebook.com/sistemafamato e @sistemafamato (instagram e twitter) #Famato50anos.