O presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, voltou a destacar os intempéries econômicos que o setor produtivo está enfrentando diante da conjuntura política que o Brasil vive na atualidade, como o atraso na liberação do crédito rural oficial, por exemplo. O assunto foi alvo de debate durante a participação dele no painel de Política Agrícola, na tarde de quinta-feira (09), em Primavera do Leste, no penúltimo dia da feira Farm Show. A discussão teve ainda a participação do deputado federal por Mato Grosso e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Nilson Leitão, além de outros representantes do agronegócio do Estado.
"Nosso setor é um dos poucos que tem o poder de reação, não pode ser penalizado. Vou citar um exemplo aqui sobre o que estamos enfrentado: o crédito rural, que deveria já estar irrigando nossa agricultura, deveria estar nos bancos promovendo a compra dos insumos, não está disponível. A cada real que se deixa de aplicar com o crédito oficial é menos produto que vai haver lá na frente. Infelizmente, esse governo mentiu para nós, ou está se omitindo do que é importante", disse ao público do evento o presidente da Famato.
Rui Prado aproveitou também para lembrar que os desafios do setor não dizem respeito apenas às decisões da esfera federal de governo, mas às medidas estaduais, como a possível aprovação da licença de atividade para o agronegócio. "A Assembleia Legislativa está prestes a votar a lei ambiental que vai tratar do licenciamento de atividade. Não se trata de licença ambiental, mas de uma lei que vai no obrigar a cumprir um roteiro, contratar um engenheiro para dizer que é possível se plantar soja em Primavera. Vamos ter que contratar um pesquisador para provar que é possível criar boi no Pantanal, o que já acontece há mais de duzentos anos. Isso é um absurdo", enfatizou Prado.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, disse compreender que, diante da crise econômica que o país enfrenta, o governo tenha a necessidade de fazer ajustes. Porém, deixou claro discordar da forma como as medidas estão sendo tomadas, tendo em vista que os "enxugamentos" estão prejudicando justamente os setores que favorecem a economia brasileira.
"O arrocho é necessário, não tem mais como segurar. O Brasil precisa fechar o caixa, mas qual caixa vai ser fechado? Cortar dinheiro da agricultura, como está acontecendo, justo o setor que tem segurado as pontas neste país? Cortar dinheiro da infraestrutura? Será que é essa despesa que precisa ser cortada? Será que é essa a maneira de fazer a coisa certa? A máquina pública tem que ser enxugada, não dá para ter 40 ministérios. Portanto, me parece que o Brasil que teremos continuará a ser o Brasil que não queremos", provocou.
O deputado Nilson Leitão aproveitou a oportunidade para conclamar os produtores presentes para pedir um basta. "Não há mais como suportar o momento que estamos vivendo. O que a gente não quer para a nossa família não podemos querer para o nosso governo. Fico envergonhado da atual situação e isso não é mais uma questão de partido, de cor ou de lado, é uma questão de dignidade", pontuou.
Questionado sobre o descrédito da classe política no cenário nacional, Leitão disparou: “tem deputado que defende temas, tem deputado que defende negócios”.
FEIRA – A Farm Show começou na última terça-feira com uma programação voltada para o produtor rural da região sul do Estado, além de profissionais e interessados no setor. A feira, inédita em Primavera do Leste, foi preparada para levar inovação e informação aos agropecuaristas de Mato Grosso, além de ser um ambiente de negócios. O público ultrapassou as expectativas, de acordo com a organização do evento. "O desafio foi nosso, mas o mérito é de todos", comentou o presidente do Sindicato Rural da cidade, José Nardes.
No estande do Sistema Famato/Senar, presente na feira desde o início, interessados puderam participar das oficinas de agricultura de precisão e mecanização agrícola, gratuitamente.