Mais de cem pessoas acompanharam as palestras sobre o mercado da carne realizada na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) nesta sexta-feira (20.02). O engenheiro agrônomo, PhD pela Universidade Federal de Viçosa-MG e Universidade de New Hampshire (EUA), Daniel Abreu, apresentou a importância do desenvolvimento da agropecuária com sustentabilidade. O canadense Ryan Murphy, PhD em Ciência Animal especializado em Ciência da Carne pela Colorado State University nos Estados Unidos, apresentou sua tese de doutorado que estudou a disposição dos clientes internacionais a pagar por atributos qualitativos de carne.
Segundo Abreu, a sustentabilidade é um tema que tem gerado uma infinidade de discussões sociais, políticas, técnicas, econômicas e ambientais no Brasil, entretanto ainda é difícil quantifica-la em um agro ecossistema. "Isso tem trazido um grande desafio para o meio acadêmico. Hoje é necessário que a sustentabilidade não seja vista apenas como uma variável teórica. Temos que conseguir quantificar a real sustentabilidade que existe no sistema produtivo brasileiro", diz o especialista.
Para quantificar a sustentabilidade do sistema produtivo é necessário, segundo Abreu, que sejam usadas métricas reconhecidas internacionalmente, extraindo valores. "Precisamos saber quanto cada pessoa consome de água quando se alimenta com um quilo de carne, detalhando esta quantidade em cada alimento consumido", explica Abreu.
De acordo com ele, a tendência é que o consumidor exija que os produtos tenham sido produzidos de maneira sustentável, tanto na questão econômica, ambiental e social. "O consumidor americano, por exemplo, já leva em conta a proteção ao meio ambiente que foi desenvolvida pelas empresas responsáveis pelo produto que estão adquirindo", conta Abreu.
Mercado – O especialista em Ciência da Carne, Ryan Murphy, explicou que mostrar as ações de preservação e produção com sustentabilidade trará grande benefício e fará diferença num futuro com a intensificação do comércio entre o Brasil e países como China, Hong Kong, Japão, México e Rússia
Murphy destacou que estes países estão dispostos a pagar a mais por qualidade. Dentre os fatores exigidos por esses mercados estão a sustentabilidade, a segurança alimentar e a entrega dos produtos dentro do prazo. "São mercados que buscam muito mais que preço baixo, que levam em consideração a reputação da empresa de quem estão comprando", explica o estudioso.
Segundo Murphy, o relacionamento é um outro ponto importante nas relações comercias com a China. "O chinês entende que o compartilhamento das informações é normal e importante num relacionamento comercial, por isso, levar conhecimento e novas tecnologias à China, é parte fundamental para a construção de uma parceria comercial", afirmou.