As discussões sobre agrotóxico e transgênico devem ser baseadas em informações precisas, científicas, e não mais em "achismos", conforme avalia o presidente da ONG AgroBrasil e consultor em organização e marketing rural, Xico Graziano. O consultor foi um dos palestrantes do seminário realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-M), em Sorriso. O evento começou na última quinta-feira (13/03) e encerra neste sábado (15/03).
Na palestra, Graziano abordou os mitos e realidades sobre os agrotóxicos e transgênicos. Segundo ele, muitas das interpretações da sociedade sobre a atual realidade do uso de agrotóxicos, também conhecidos como defensivos, na agricultura são influenciadas pelo conhecimento adquirido no passado.
Os novos produtos criados em laboratório para combater pragas e doenças nas lavouras são bem diferentes daqueles que eram feitos anteriormente. "Estamos vivendo um conhecimento tecnológico muito diferente. As moléculas que surgiram na década de 90 são seletivas, ou seja, matam a lagarta que ataca a lavoura e não o bicho que come a lagarta", exemplifica Graziano.
Além do avanço da tecnologia dos defensivos agrícolas, também existe o sistema integrado de controle de pragas e produtos biológicos para combater pragas e doenças. A realidade, conforme Graziano, é que a ciência evoluiu muito e a sociedade em geral precisa saber, pesquisar e entender os resultados das novas tecnologias. "Temos problemas ainda? Temos sim. Então precisa estar sempre fiscalizando e fazendo o uso correto dos defensivos agrícolas", acrescenta.
O Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas em volume por que possui uma das maiores agriculturas do mundo, que é desenvolvida em um ambiente de clima tropical. Se considerar a área cultivada, o Japão utiliza 20 vezes mais defensivos do que o Brasil. Nos Estados Unidos o uso de defensivos é menor do que no Brasil, pois os norte-americanos fazem apenas uma safra por ano e o frio contribui para controlar as doenças e pragas. "O melhor defensivo agrícola da Europa e do cinturão verde dos Estados Unidos é o gelo. Quando chega a época do gelo não fica nenhuma praga lá. Na agricultura tropical o crescimento de pragas e doenças é contínuo", lembra o consultor.
Transgênicos – No mundo existem 150 milhões de hectares de lavouras que produzem transgênicos há mais de 20 anos e, conforme Graziano, nunca na literatura médica foi registrado um problema de saúde humana. Os transgênicos são quaisquer organismos modificados geneticamente pelas técnicas de engenharia genética.
Apesar da polêmica que ainda existe sobre os transgênicos, Graziano considera que ela está superada pelo conhecimento científico. Atualmente, 51 países produzem lavouras transgênicas. "Há 25 anos todos os queijos produzidos na Europa são por processos de fermentação de organismos transgênicos. Nunca ninguém reclamou de um produtor de queijo por essa razão, pois esses queijos foram testados em laboratório e aprovados", exemplifica.
Evento – O seminário “Desenvolvimento Econômico e seus Reflexos no Sistema Judicial” começou quinta-feira (13/03) e contou com a participação de mais de 500 pessoas inscritas entre juízes, desembargadores, advogados, produtores, acadêmicos de direito, agronomia e medicina veterinária, servidores públicos e professores.
O encontro é uma realização da Famato em parceria com o TJ-MT, Senar-MT, Aprosoja-MT, Sindicato Rural e prefeitura municipal de Sorriso. O encerramento é neste sábado (15/03) com a participação dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha e Herman Benjamin.
A Famato é a entidade que representa 87 sindicatos rurais. Junto com o Imea e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), forma o Sistema Famato. Acompanhe nossas redes sociais: www.facebook.com/sistemafamato e @sistemafamato.