A receita agrícola mato-grossense ficou R$ 4 bilhões menor em um intervalo de apenas um mês. Em março, a expectativa de renda gerada da porteira para dentro era de que a safra atual atingisse Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 45,63 bilhões e ontem, conforme revisão mensal realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o montante foi rebaixado para R$ 41,53 bilhões, perda de pouco mais de R$ 4 bilhões em 30 dias.
Praticamente 100% das cifras que deixarão de circular na economia estadual são o claro reflexo da sojicultura 12/13, que com a colheita encerrada revela o peso dos problemas climáticos sobre os grãos e sobre a produtividade. As perdas no campo começam a ser contabilizadas e traduzidas em reais. O maior produtor nacional de grãos e fibras, Mato Grosso, é, em relação à renda gerada no campo, apenas o segundo no ranking nacional quando se avalia o VBP, liderado por São Paulo. Em março, a diferença entre os dois estados ampliou mais, só que em desfavor do primeiro, já que o segundo tem projeção de faturar mais de R$ 47,66 bilhões.
Na comparação mensal de receita, números divulgados em março ante os de abril, das cinco grandes culturas locais – soja, milho, arroz, algodão e cana-de-açúcar – apenas o milho teve o faturamento revisado para baixo. Na avaliação anual, com exceção do algodão, todas as culturas apresentam ganhos sobre o montante contabilizado na safra 11/12. Como o VBP mede a evolução do desempenho das lavouras ao longo do ano, é normal que as mudanças nos preços dos produtos e as quantidades previstas de produção afetem os valores do estudo feito mensalmente pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério (AGE/Mapa).
A soja, carro-chefe da produção agrícola e das exportações do Estado, tinha no mês passado projeção de fechar a safra com VBP em R$ 28,56 bilhões. Ontem, a expectativa passou para R$ 24,28, cifras que mesmo R$ 4,28 bilhões menores, se confirmadas, superarão o realizado no ano passado, R$ 22,74 bilhões. Levando em consideração o VBP atual ante o de 2012, há crescimento de 6,77%, enquanto a produção avançou 10,4%, ao passar de 21,36 milhões de toneladas para 23,58 milhões. O clima que pesou contra as lavouras, seca quando não deveria faltar água, excesso de chuvas no momento da colheita, pouca luminosidade durante o estádio reprodutivo e as pragas e doenças oportunistas, explicam as perdas milionárias.
O volume que deixa de circular pode aumentar nos próximos meses em razão do cenário de pressão baixista que vem sendo registrado sobre a cotação internacional da oleaginosa. Como a revisão do Mapa é mensal e considera volume versus preços médios em vigor no mês de referência, mais receita poderá ser perdida.