O clima foi imperativo à sojicultura mato-grossense. Estimativas divulgadas ontem pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) dão a dimensão financeira da perda e revelam que pelo menos 5% do Valor Bruto estimado à cultura neste ano se perdeu, cerca de R$ 903,4 milhões deixaram de entrar na contabilidade do produtor e por consequência, girar na economia estadual.
Como frisam as entidades, essa perda corresponde a 30% de área colhida. O clima, fator determinante para o sucesso da produção, foi também o grande responsável pelas perdas financeiras até o momento. “Essas primeiras áreas colhidas obtiveram problemas na qualidade dos grãos por ter sido colhida no período de maior índice pluviométrico do Estado”, explicou o analista de grãos do Imea, Cleber Noronha.
Devido ao excesso de chuvas, 1,18 milhão de toneladas de soja foram entregues às tradings na hora da classificação como desconto, sem remuneração ao produtor. Os altos índices de umidade provocados pela chuva fizeram com que o padrão de umidade, que é de 14%, fosse ultrapassado. “O problema é que o grão, muitas vezes, não está realmente estragado, é somente a alta umidade. Aí a trading seca e o grão fica no padrão, mas os descontos são aplicados não só pela umidade e tudo vai para o produtor”, explicou o delegado da Aprosoja em Campo Verde, Jalmar Vargas.
O aumento na produção de soja precoce, que foi colhida em janeiro e fevereiro, e as chuvas neste período fizeram com que a oleaginosa saísse do campo com umidade elevada. Mas este fator não resultou ainda em baixa produtividade, segundo o Imea. “Não se pode falar ainda em perda de produtividade, mas, sim, em perda de qualidade e em perda financeira para o produtor”, explica Noronha.
A média colhida nesta safra foi de 51 sacas por hectare, uma a mais do que na safra anterior, quando os produtores sofreram com a ferrugem asiática e tiveram prejuízo de quase R$ 1 bilhão. As perdas verificadas até o momento significam 5% das 24,1 milhões de toneladas estimadas para a safra 2012/13.
Os reflexos das perdas, segundo especialistas, serão sentidos até o final das atividades que se estendem por este mês. Por enquanto, pode-se afirmar que, com os mais de R$ 900 milhões de perdas, seria possível plantar mais de 750 mil hectares, ou, 10% da área atual de soja em Mato Grosso, em 7,89 milhões de hectares.