Foram várias semanas de incertezas sobre o que viria a ser a safra 2012/13 de soja, em Mato Grosso. Depois de inúmeros sustos contabilizados desde o plantio até que metade da área plantada fosse colhida, o resultado parcial deste ciclo começa a ser desenhado e sinaliza pelo menos uma notícia boa, a de que a produtividade volta a atingir a média estadual de 52 sacas por hectare, apesar dos efeitos da seca, das invernadas, das pragas e das doenças.
A média parcial se equipara exatamente à previsão que o Imea havia feito no ano passado, de que o Estado teria rendimento de cerca de 52 sacas, o que deve avolumar uma produção total de mais de 24 milhões de toneladas, recorde absoluto em mais de 30 anos de soja no Estado. A produtividade estimada para 2013 é maior quando comparada a realizada em 2012 em 1 saca/ha, pois, no ano passado, a severidade da ferrugem asiática comprometeu uma maior parte da produção. Conforme levantamento apresentado, ontem, no Boletim da Soja do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o desempenho foi puxado pela performance do médio norte, região que concentra cerca de 40% da produção estadual, cuja colheita é a mais adianta e cobre 68,9% dos mais de 3 milhões de hectares cultivados nesta porção, para a atual safra.
Apesar o alívio em relação ao rendimento por hectare e de cotações 14% superiores ao registrado em igual período do ano passado, o Imea alerta que a produtividade corre riscos, já que as lavouras mais tardias, como as encontradas nas porções nordeste, noroeste e centro sul do Estado, estão altamente suscetíveis à ferrugem asiática, doença fúngica que pode comprometer o rendimento e liquidar as chances de lucro num ciclo que teve o custo de produção mais caro da história e que pode ficar ainda maior.
Como explica o Imea, da segunda quinzena de fevereiro em diante, a qualidade dos grãos da oleaginosa passou a apresentar melhoras e a produtividade, “em especial na região médio norte subiu trazendo com ela a média parcial de produtividade mato-grossense para 52 sacas/ha”.
Na última sexta-feira, a colheita atingiu 57,8% da área plantada – 7,89 milhões ha – ou, 4,56 milhões ha colhidos. Em relação ao ritmo dos trabalhos da semana anterior, há incremento de 15,6 pontos percentuais. Em comparativo com o ano passado, os dados de colheita apresentam um atraso de 6,1 pontos percentuais.
“Mato Grosso não está isento da ferrugem, pois ainda há lavouras em desenvolvimento que podem perder com os malefícios da doença, caso esta não sejam tratadas. O Estado ainda deverá ter mais sete semanas de cultivo de segunda safra e colheita de soja. Para que a produtividade e a produção sejam reduzidas, os tratamentos da oleaginosa deverão ser intensificados para que as perdas se restrinjam somente à produção saída inicialmente do campo, como a relata em meados de janeiro e começo de fevereiro quando as chuvas intensas e ininterruptas atrasaram a extração da soja do campo”.
COTAÇÃO – O preço médio disponível para a soja, em Mato Grosso, para a safra que está sendo colhida apresenta-se superior ao do mesmo período da safra passada. “No mesmo período de 2012, o preço médio da oleaginosa estava em R$ 39,72/saca, valor 14% menor do que o atual”. Na última semana, de fevereiro o mercado se elevou em algumas praças e reduziu em outras, e no resumo da semana a média estadual se elevou 0,2%, mostrando uma grande estabilidade neste momento da colheita.
Quando se observa a variação dos preços desde o início do ano, verifica-se uma redução de 10,3%, acompanhando aumento de oferta do produto no mercado mato-grossense. “No entanto, o diferencial apresentado aponta que os preços atuais são melhores que os adotados em 2012 e que pode ser um bom momento para negócios”.