Os produtores de soja da Argentina estão no alvo de uma forte fiscalização da Receita Federal local para saber o volume remanescente da safra 2011/12.O organismo lançou uma operação gigantesca em fazendas e silos para pressionar os produtores a vender o produto estocado.
O objetivo, além da arrecadação, é colocar dólares no mercado para reduzir a desvalorização do peso causada pela falta de divisas. Em pleno desenvolvimento da nova safra 2012/13, o governo desconfia que os produtores estão "segurando" de 1 milhão a 1,2 milhão de toneladas de soja.
O volume equivale a pouco mais de US$ 645 milhões,conforme cálculo baseado no preço de ontem do grão no mercado internacional. A Administração Federal de Rendas Públicas (Afip), órgão arrecadador do governo, fica com 35% do valor por meio das "retenções"- os impostos cobrados pelas exportações.
O objetivo da Afip não será tão fácil de ser atingido, já que os produtores estão decididos a defender a posição deles de que o momento de venda quem escolhe é o dono do produto. "Não podem nos obrigar a vender quando a Afip bem entender, mas sim quando o produtor quiser. O momento de vender será decidido pelo produtor e não vamos nos amedrontar", disse o presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Miguel Etchevehere, em entrevista à rádio Continental.
Ele confirmou que no dia 15 haverá uma grande assembleia dos agricultores para definir a realização de protestos contra a polí- tica oficial. Segundo ele, "o plano do governo de intervir na formação de preços fracassou em todas as atividades e é resultado da má administração".
A operação da Afip começou na quarta-feira, quando os fiscais surpreenderam vários silos da província de Buenos Aires com ordem legal para revisar os estoques. Além da visita dos fiscais, a Afip está enviando notificação aos produtores para que informem qual o volume de soja que possuem.
Prejudicada pela estiagem, a última safra (2011/12) chegou a 40 milhões de toneladas e foi menor que a de 2010/11, que rendeu 52 milhões. Até o momento, as projeções para a nova safra são de 54 milhões de toneladas,volume que pode baixar por causa das intempéries climáticas.