Oitenta e oito municípios de Mato Grosso possuem armazéns credenciados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sendo que 45 deles ou 51% registram produção superior ao potencial de armazenagem estática. Situação é aferida pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) com base em dados da Conab e na perspectiva de produção para a atual safra de grãos. Ao todo, a capacidade de armazenagem no Estado equivale a 28,2 milhões de toneladas. Apenas a produção de soja na safra 2012/2013 está estimada em 24,131 milhões (t) e representa acréscimo de 12,9% em comparação com a safra anterior.
Somado a esse volume, a produção de milho 2ª safra – projetado em 13,294 milhões de toneladas -a quantidade obtida com as duas culturas alcança 37,425 milhões de toneladas. Conforme registrado pelo Imea, o município de Querência (945 km de Cuiabá) registra o maior déficit de armazenagem, sendo 425 mil toneladas abaixo da produção. Na sequência estão Nova Maringá e Canarana (distantes 400 km e 823 km da Capital), com déficit de 331 mil e 330 mil toneladas, respectivamente.
Analista do Imea, Cleber Noronha, comenta que a região Noroeste, considerada a “nova fronteira agrícola” do Estado, registra a maior insuficiência de armazéns. Como os investimentos em armazenagem não têm acompanhado a evolução na produção, a tendência é de agravamento desse quadro, principalmente no Vale do Araguaia. Dificuldades de escoamento da produção acentua o problema.
De acordo com o Imea, além da região Noroeste, o Nordeste de Mato Grosso deve enfrentar déficit imediato na armazenagem, considerando apenas a produção de soja. Nessas duas regiões, o volume de soja previsto para ficar desalojado é, respectivamente, de 1,691 milhão de toneladas e 343 mil toneladas. Solução apontada seria a realocação imediata de estoques, considerando que o Médio-Norte e o Sudeste mato-grossenses possuem capacidade de armazenagem para 4,8 milhões (t) acima do potencial produtivo atual. A médio prazo, a expectativa dos produtores se volta para a consolidação do Plano Nacional de Armazenagem, que deve ser priorizado este ano pelo governo federal, segundo declaração do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.
Outra mudança que pode facilitar os investimentos em novos armazéns, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, é a reformulação das condições de financiamento por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Há possibilidade do banco liberar o recurso de acordo com a capacidade de pagamento do empreendimento e não simplesmente pelo limite de crédito do produtor”. Mas, essas soluções não atenderiam o setor a tempo de abrigar a produção da safra 2012/2013. “Essa questão da falta de armazéns é um problema crônico no Estado, além da logística”.