Consumidores desembolsaram 25,13% a mais pelo leite longa vida em outubro na Capital. Conforme levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o gasto médio mensal familiar saltou de R$ 27,04, em setembro, para R$ 33,83 no mês seguinte. A alta do alimento contribuiu para o aumento de 3,09% da cesta AbrasMercado no intervalo de 30 dias, em Cuiabá, fechando em R$ 292,19, contra os R$ 283,44 registrados em setembro.
A AbrasMercado reúne 35 produtos de largo consumo e compreende alimentos, itens de limpeza e higiene pessoal. Com a lista de compras nas mãos, Maria do Carmo, 52, resolveu reduzir a quantia de caixas de leite do carrinho. “Se não fosse meu neto de 3 anos, nem compraria”, conta a empregada doméstica, cuja renda é de um salário mínimo. Para evitar a perda de clientela por causa do preço, a empresária Dora Generosa Leite, proprietária do supermercado Pioneiro, optou por não repassar todo o reajuste para o consumidor, principalmente na marca de maior venda. Ela era comercializada a R$ 2,65 e passou para R$ 2,75. No estabelecimento a compra do produto das indústrias é feita uma vez por semana ou a cada 15 dias.
Já o preço do leite comercializado na Rede Compre Mais está variando de R$ 2,37 a R$ 2,63, dependendo da marca. De acordo com o coordenador de Vendas da empresa, Derli Locatelli, a alta do alimento nas unidades da rede ocorreu, mas não foi no patamar apontado pela Abras. Os valores permaneceram em novembro e a expectativa é de que comecem a cair a partir de dezembro.
No Campo – A boa notícia para o consumidor é confirmada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Segundo o analista João Buschin, a tendência de novembro foi da manutenção dos preços. Mas a produção voltará a subir com a volta das chuvas e a melhora do pasto; além da redução do consumo com o período de férias quando muitas pessoas viajam. Segundo Buschin, a queda no preço deverá ocorrer principalmente porque os produtores vão aproveitar a volta do pasto e parar de dar para os animais ração e farelo de soja, que são insumos caros. Esses insumos foram os responsáveis pela elevação atual dos preços do leite, apesar da produção recorde do Estado.
Citando dados do IBGE, Buschin lembra que, em razão das chuvas terem se estendido por 1 mês a mais, o volume de leite captado pelas indústrias no 1º semestre de 2012 (última pesquisa divulgada) foi de 310 milhões de litros, 10% superior ao mesmo período de 2011. Por outro lado, a valorização do farelo de soja, de janeiro a agosto deste ano foi de 118%. Na cotação de Cuiabá, a tonelada do farelo saiu de R$ 576 no início do ano para R$ 1,256, em agosto, quando foi registrado o pico de preço. Comparando com a relação de troca na base da cadeia: enquanto em setembro de 2011, o produtor de leite precisava vender 800 ml para comprar 567 gramas de farelo de soja, este ano, no mesmo mês, com 2l de leite eles compraram 1,261 kg de farelo.