A partir de janeiro do ano que vem a ferrovia que ligará Cuiabá a Santarém começará a sair do papel com investimentos iniciais previstos na ordem de R$ 10 bilhões, que serão financiados pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB, na sigla em inglês). Agora em dezembro o governo do Estado assinará o contrato com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que fará os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental; o estudo e o relatório de impacto ambiental da obra (EIA-RIMA); bem como o projeto básico da ferrovia. Esse processo está avaliado em R$ 15 milhões. O trajeto é de cerca de 1.800 km.
Após a conclusão, a ferrovia poderá escoar entre 15 a 20 milhões de toneladas de grão. Ao menos duas empresas estão envolvidas no projeto a ATI, uma holding de Hong Kong, e a estatal Empresa de Engenharia Ferroviária da China (Crec, na sigla em inglês). A intenção do grupo chinês é construir a linha férrea para tornar mais eficiente e barato o escoamento da soja – entre outros produtos – de cidades como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, no norte do Mato Grosso.
Hoje esse trajeto é feito pela rodovia BR-163, que passa pelas mesmas cidades. O consorcio se comprometeu, caso seja o vencedor, a operar segundo o novo marco regulatório das ferrovias que prevê que o agente interessado assume a gestão, o tráfego e a operação do modal. Em troca o governo assume em caso de prejuízos, a compra de 85% do volume de cargas transitadas pela ferrovia. De acordo com o diretor da ATI, Anselmo Leal, “os chineses veem em Mato Grosso um grande centro produtivo de alimento e querem baratear o escoamento até os portos”, afirmou. Segundo produtores, o transporte do medio-norte do Estado até o porto de Santos custa entre US$ 100 e US$ 120 por tonelada. Esse valor cai para US$ 50 a US$ 60 com o escoamento via Santarém.
Essa não é a primeira vez que os chineses vem a Mato Grosso. E outras oportunidades o grupo já havia feito a análise prévia da viabilidade econômica da ferrovia. Em julho desse ano, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, assinou carta de intenção com o Banco de Desenvolvimento da China para a liberação de recursos para a ferrovia.