Exportações mato-grossenses de carne bovina para a Rússia estão liberadas após um ano e meio de embargo, conforme noticiado pelo Serviço Federal de Controle Veterinário e Fitossanitário da Rússia (Rosselkhoznadzor) na última sexta-feira (23). Informação foi veiculada após reunião na semana passada entre o chefe do Serviço Veterinário russo, Sergey Dankvert, o embaixador do Brasil para a Federação Russa, a secretária de Saúde Animal e Vegetal e Inspeção e o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ênio Marques. Suspensão vale para todos os estados brasileiros envolvidos no embargo, que inclui, além de Mato Grosso, o Paraná e Rio Grande do Sul. De acordo com a assessoria de imprensa do Mapa, não foi possível confirmar com o secretário nesta segunda-feira (27) se após o último comunicado do governo russo foram realizadas novas reuniões entre os representantes dos dois países. Esclarecimento será feito hoje (28), logo após o desembarque de Marques às 7h30, no Brasil.
Entendimento explicitado pelo governo russo é que a análise preliminar das informações recebidas do governo brasileiro permite tomar uma decisão sobre a retomada das entregas de animais oriundos desses estados e que as vendas podem recomeçar após o estudo dos documentos apresentados, que já foi concluído. Por meio da informação oficial, Dankvert declarou que a admissão de produtos de carne das plantas de processamento desses estados para o mercado russo já foi previamente acordada. Condição exigida é que “todos os lotes de produtos sejam acompanhados de uma declaração de laboratório confirmando a ausência de ractopamina” (substância utilizada em rações industriais e proibida na Rússia, por estimular o crescimento do tecido muscular dos animais). Conforme informações fornecidas pelo Ministério na época do início do embargo, em 15 de junho de 2011, o veto à exportação para a Rússia envolveu 20 unidades frigoríficas em Mato Grosso, sendo 16 de carne bovina e 4 de carne suína, além de outras 66 no Paraná e Rio Grande do Sul.
De acordo com o governo russo, as restrições “temporárias” sobre as entregas de produtos de 85 plantas localizadas nos 3 estados brasileiros foram impostas após as violações das exigências russas e da União Aduaneira Veterinária, detectadas durante inspeção realizada em abril do mesmo ano. Para compensar a perda nas exportações para a Rússia nesse período, as indústrias mato-grossenses buscaram outros mercados, fortalecendo os embarques para a Venezuela, por exemplo, explicou o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Freitas. Para ele, a retomada do comércio com os russos pode incrementar as exportações de carne mato-grossense em 10% no próximo ano. “Cada um desses mercados é importante por adquirirem produtos diferentes. A Rússia, por exemplo, consome os cortes menos nobres e compra um volume considerável”.
Nova suspensão – Foi desabilitada para exportação de carne aos Estados Unidos a planta frigorífica do Marfrig, em Tangará da Serra, após rescisão do Acordo de Cooperação Técnica entre o Mapa e a prefeitura do município, formalizado pela superintendência estadual do Mapa no dia 31 de outubro ao constatar fraude no pagamento de servidores municipais responsáveis pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). De acordo com o superintendente estadual do Mapa, Francisco Costa, a fábrica deve ser impedida de continuar abatendo a partir de sexta-feira (30), quando expira o prazo para substituição dos técnicos contratados para o serviço de fiscalização. “Nessa semana uma equipe de inspeção (do Mapa) irá até lá verificar a situação atual”.
Secretário de Administração do município, Edirson Oliveira, afirmou que do total de 40 funcionários admitidos por meio do convênio, apenas 4 permanecem trabalhando até o encerramento desta semana. “Para evitar que esse tipo de problema, estamos aguardando a aprovação pelo legislativo municipal de um projeto de lei que irá regulamentar a cobrança da taxa de abates, quando houver convênio federal”.
Sobre a suspensão do convênio, a Marfrig comentou, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, que foram encaminhadas as defesas preliminares e a empresa aguarda a decisão judicial. Quanto ao suprimento da demanda norte-americana, afirma que já está sendo atendida por outras unidades industriais da companhia habilitadas para aquele mercado e instaladas em outros estados brasileiros e, também, por unidades no Uruguai.
Greve – Operação da unidade frigorífica do Marfrig em Tangará da Serra foi agravada nesta segunda-feira (26) com a suspensão dos trabalhos de 900 funcionários, de um total de 1,450 mil contratados pela empresa. Paralisação continua nesta quarta-feira (28), segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Município de Tangará da Serra e Região de Mato Grosso (Sintial), Nilda Leão. Reunião realizada nesta terça-feira (27) com diretores da empresa não atendeu as reivindicações dos trabalhadores, que esperam reajuste de 8% nos salários, retroagindo o aumento de 5% concedido em julho para o mês de março, data base da categoria.
Além disso, aguardam o aumento no valor do vale-refeição de R$ 100 para R$ 150 por trabalhador, auxílio creche para mães com filhos até um ano de idade no percentual de 50% do valor do piso da categoria a ser negociado (R$ 780) e participação nos lucros com o pagamento de R$ 1 mil a cada trabalhador. Outra condição apresentada pelos funcionários é que os dias em que permanecerem paralisados não sejam descontados no pagamento dos salários.
Na proposta apresentada nesta terça, a diretoria ofereceu reajuste de 7% sobre piso salarial de R$ 680, vale refeição individual no valor de R$ 120 e pagamento referente a participação nos lucros da empresa no valor de R$ 440. Por meio de nota oficial enviada pela assessoria de imprensa, a Marfrig Alimentos S/A informou que tem se empenhado para chegar a um acordo que satisfaça os interesses dos seus colaboradores e mantenha a sustentabilidade da operação industrial de Tangará da Serra, reiterando que está “permanentemente aberta ao diálogo e propondo soluções que conciliem os interesses das partes” e “espera e segue trabalhando para que as negociações sejam concluídas a contento e de forma legal no menor tempo possível”. Capacidade de abate pela unidade frigorífica é de 2 mil animais por dia.