A região leste de Mato Grosso, que abriga o chamado Vale do Araguaia, é de fato a porção mato-grossense que mais ganhou lavouras de soja na safra 2012/13. Entre as quatro macro regiões – norte, sul, leste e oeste – foi na leste que mais se observou a incorporação de áreas de pastagens de baixa produtividade e degradadas, transformadas em novas lavouras de soja. A comprovação das estimativas veio da 4ª edição do Circuito Tecnológico, evento técnico promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) que percorreu Mato Grosso com o objetivo de traçar um raio X desta nova safra.
Nas 332 propriedades visitadas foi observada a expansão da área em todo o Estado, mas foram os sojicultores do leste que mais afirmaram ter ampliando a área destinada à cultura, 56,6%. No oeste foram 23,1%, no norte 20% e no sul, 33,7%, disseram sim, quando questionados sobre o aumento da área de plantio.
Em dez dias, de 15 a 26 do mês passado, a caravana percorreu 16 quilômetros, passou por 42 municípios que são importantes produtores locais da commodity, contabilizando visitas a 746 mil hectares, o que corresponde a 9% da área plantada nesta safra, cerca de 7,89 milhões de hectares. Na comparação com o evento do ano passado, o volume de visitas aumentou em 4% e que repercutiu uma área 44% maior.
Como explica o diretor técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas, o que chama à atenção no leste é que essa região concentra atualmente 15% da área estadual de soja e o Circuito visitou 13% dessa região. “Foi a região que teve o maior percentual de participação nesta edição”. No sul do Estado, por exemplo, região que concentra 21% da área plantada, 12% foram avaliados em campo. No norte, que detém 39% do total foram 5% visitados e no oeste, cuja área corresponde a 25% do Estado, 12% foram visitados.
DIAGNÓTICO – Depois de visitas in loco, o Circuito traz constatações e alertas sobre o desenvolvimento da sojicultura 2012/13. Entre pontos de bastante preocupação está a evolução dos nematóides, uma espécie de vermes do solo, que compromete as raízes das plantas e assim, toda a absorção de nutrientes e água. “A doença é notória no Estado e já está presente em 80% das lavouras de soja e sabendo da sua existência, onde está e a qual raça pertence, é urgente alinhavarmos uma linha de ação, porque ao contrário da ferrugem, os nematóides não são vistos a olhos nus e lentamente vão comprometendo a produção”. Cinquenta e seis por cento dos produtores entrevistados disseram ter análises de solo que indicam a raça, sendo a maioria nematóides de lesão, os Pratylenchus brachyurus.
Um dado considerado bastante positivo é que a maioria dos produtores possui consultoria técnica na fazenda. O maior índice de adesão foi registrado no leste, onde 92,9% dos entrevistados disseram estar amparados, seja por meio de um consultor independente, de assistência das revendas e mesmo de suporte próprio, como orientação de um filho, ou de alguém que esteja dentro da propriedade.
Outra informação que chamou a atenção, como destaca Nery Ribas é a intenção de ampliar o uso de tecnologias, de novas ferramentas que auxiliem numa maior produção e qualidade, sob custos menores e ou mais precisos. Entre os entrevistados, cerca de 28% já adotam – considerando os percentuais de cada região e fazendo uma média – e outros 28% pretender adotar ferramentas de ponta.
Ainda traçando o perfil, a nova safra se apresenta como de maioria transgênicas, já que a opção por essas sementes está acima de 50% no leste, norte e sul do Estado.