Primeira propriedade a obter linha de financiamento por meio do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), em julho de 2011, a Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), é um dos principais exemplos na prática da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) do país. Além dos ganhos de produtividade, a fazenda deixa de emitir, aproximadamente, 2,6 mil toneladas de gás carbônico equivalente por ano. A Fazenda Santa Brígida recebeu um empréstimo de R$ 780 mil feito pelo Programa ABC, que cede recursos de até R$ 1 milhão para produtores que adotem práticas sustentáveis em suas propriedades.
Nesse sistema, os produtores agregam, na mesma propriedade, diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. Outras práticas que reduzem a emissão de CO2 na atmosfera também são utilizadas, como a fixação de nitrogênio no solo. Além dos benefícios ambientais, ainda há a vantagem da renovação constante do pasto, o que faz o rebanho presente engordar apenas com capim.
Dados divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Cerrados (Embrapa Cerrados) mostram que a propriedade, que utiliza o método de iLPF há seis anos, gera lucros como qualquer outra. Na safra 2011/2012, foram produzidas 14,5 mil sacas de soja, 25,5 mil sacas de milho e 5,2 toneladas de silagem. O hectare de pastagem rende em torno de R$ 500 – antes de adotar práticas sustentáveis, tal valor não passava de R$ 100.
“O crédito oferecido à propriedade auxiliou esse resultado, como também tem ajudado produtores de todo o País. É necessário ainda destacar que as mudanças ocorridas na fazenda de Ipameri relativas aos métodos de produção só foram possíveis devido às orientações dadas por pesquisadores da Embrapa”, explicou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro Filho.
A fazenda tem uma área total de 922 hectares, dos quais 450 correspondem ao cultivo de grãos no sistema Integração Lavoura-Pecuária (iLP) ou agropastoril. A primeira experiência com a iLPF ocorreu em 2008/2009, com a introdução do plantio de eucalipto no sistema, em aproximadamente quatro hectares. Em razão do surpreendente desenvolvimento das árvores, ampliou-se a área com este sistema em mais 55 hectares nas safras posteriores, com média de 700 árvores por hectare, principalmente, em razão do cultivo de duas safras de grãos nos dois primeiros anos entre as fileiras de árvores. Atualmente são contabilizadas cerca de 40 mil árvores de eucalipto no local. Se a safra for vendida como lenha, a forma menos valorizada do mercado, o lucro será de R$ 1 mil por hectare.
Segundo relatório elaborado por pesquisadores da Embrapa Cerrados, a redução da emissão de gases de efeito estufa pode ser relacionada ao incremento da matéria orgânica (carbono) do solo, à maior produção forrageira durante o ano todo, à incorporação de árvores no sistema produtivo e à redução da idade de abate dos bovinos.