Cada vez mais organizadas em Mato Grosso, as feiras agropecuárias movimentam milhões todos os anos. Considerando 4 das principais feiras – Expoagro (Cuiabá), Expocáceres (Cáceres), Exposul (Rondonópolis), Parecis Superagro/Expocampo (Campo Novo do Parecis) -realizadas este ano foram gerados R$ 221 milhões, montante 11,05% superior aos R$ 199 milhões alcançados no ano passado. Crescimento da atividade é ilustrado pelos resultados obtidos com a realização da Exposul, considerada a maior do Centro-Oeste pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nos últimos 7 anos, a receita da feira aumentou 606%, subindo de R$ 15,9 milhões (2005) para R$ 106,3 milhões (2012), conforme apurado pelo Sindicato Rural de Rondonópolis.
Com a Parecis Superagro a situação é a mesma. Enquanto em 2011 a feira agropecuária e tecnológica gerou R$ 40 milhões, este ano cresceu 10% e alcançou R$ 4 milhões a mais, contabiliza o gerente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Antônio de la Bandera. Com a 47ª Feira Agropecuária de Cáceres (Expocáceres), a ser realizada entre os dias 10 a 14 de outubro, a expectativa dos organizadores é aumentar o faturamento, que no ano passado alcançou cerca de R$ 20 milhões, resultante principalmente dos leilões e das vendas de máquinas agrícolas.
Para este ano, marcado por uma comercialização da safra a preços mais elevados, a projeção do presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Jeremias Pereira Leite, é aumentar em até R$ 10 milhões o volume de negócios. Neste ano haverá 200 touros P.O. expostos, número 33% maior que em 2011. Público também deve aumentar nessa proporção, alcançando 80 mil durante o evento, atraídos pelos 5 shows programados (Edson e Hudson, Thaeme e Thiago, Eduardo Costa, Milionário e José Rico, João Lucas e Marcelo). No ano passado, 60 mil pessoas prestigiaram a Expocáceres. Para garantir que as feiras agropecuárias do Estado se tornem cada vez melhores, os realizadores buscam constantemente novidades, afirma o coordenador da Parecis SuperAgro, Antônio de la Bandera, que na semana passada visitou eventos similares nos Estados Unidos (EUA). “Em 2013 estaremos na 6ª edição e queremos convidar o economista Delfim Neto”. Feira é realizada em abril e inclui leilões de gado, demonstração de máquinas agrícolas e lançamentos tecnológicos. De la Bandera explica que para atrair também a população urbana à feira tecnológica incluiu na programação o Festival do Milho e o Cine Pipoca do Parecis. “Nosso objetivo principal é levar conhecimento sobre agronegócio e tecnologia”.
Município também realiza a Expocampo, que neste ano movimentou R$ 6 milhões, resultado principalmente da venda de 500 mil ingressos e comercialização de veículos e máquinas agrícolas. Analisando o porte da Exposul, o presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis, Miguel Weber, diz que em 2012 o parque de exposições recebeu 200 mil visitantes de toda região Sul do Estado. Durante 6 meses os organizadores trabalharam para a realização do evento e o crescimento da feira ilustra o potencial produtivo e mercadológico de toda a região, considera Weber. Grande parte do resultado comercial da Exposul foi alcançado com a Feira Nacional de Máquinas, que movimentou R$ 99,9 milhões com a venda de máquinas, equipamentos e tecnologia agrícola e pecuária, além de caminhões, ônibus, veículos e máquinas para construção civil pesada.
Foram comercializadas 32 colheitadeiras e 69 tratores de pequeno e grande portes. Outros R$ 5,2 milhões foram obtidos com a realização de 11 leilões de animais. Em Cuiabá, os 10 dias da 48º Exposição Internacional, Agropecuária, Industrial e Comercial de Mato Grosso (Expoagro), promovida em julho, atraiu 300 mil pessoas entre visitantes, expositores e trabalhadores e movimentou R$ 30 milhões em negócios, sendo R$ 7,3 milhões resultantes dos 13 leilões. Neste ano, com a redução no número de leilões em comparação com 2011 e o encurtamento do evento – no ano passado foram 16 dias – a movimentação financeira da feira diminuiu 40% ante o último ano, quando faturou R$ 50 milhões, conforme o Sindicato Rural de Cuiabá.
Rodeios – Grande atrativo de público para as feiras agropecuárias, os rodeios também se profissionalizaram nos últimos anos e atualmente Mato Grosso é o maior fornecedor nacional de touros de rodeio, atendendo outros estados brasileiros, explica o presidente da Federação Mato-grossense de Rodeio (FMTR), Renato Bavaresco. Em todo Estado há 120 criadores especializados na preparação desses animais, que são comercializados por até R$ 100 mil cada, valor equivalente aos dos touros de elite. “Quem cria são pessoas apaixonadas pelo esporte, que fizeram dessa paixão um negócio”.
Chamados de tropeiros, os criadores investem no preparo físico dos touros a fim de garantir a resistência deles durante a competição. Na chácara Pantanalzinho, de propriedade do tropeiro Deusdete Novais Santos, os touros têm inclusive uma piscina para se exercitar. “Trabalho há 20 anos nessa atividade e antes eu usava a doma tradicional, agora é racional, tenho um centro de treinamento para que o boi tenha um bom rendimento durante o rodeio”.
Quando iniciou o negócio, Santos mantinha 10 touros e hoje são 50 e afirma que a remuneração melhorou nesse período, mas mesmo assim envolve riscos. “Antes alugava um animal por R$ 30 e hoje, no mínimo, por R$ 200”. Ele explica que a procura aumenta na seca, de abril até novembro. Apostando na mesma atividade, o tropeiro Tomás Alexandre Calvi resolveu associar a preparação de touros para rodeio com a pecuária extensiva em sua propriedade de 1,5 mil hectares no município de Nova Canaã do Norte. “Comecei com 20 animais e hoje são 70, principalmente porque precisava atender a demanda”. Para cada evento fornece 15 touros e cobra cerca de R$ 6 mil. “Quando comecei levava por minha conta e cobrava R$ 2,5 mil”.