A safra 2012/13 de soja em Mato Grosso ainda não foi plantada, mas o nível de comercialização imprime forte ritmo e caminha em um patamar jamais registrado dentro do estado. Até o mês de setembro, 61,4% das 24,1 milhões de toneladas que serão produzidas já foram negociados. Na prática, são mais de 14 milhões de toneladas comprometidas pelo produtor para se capitalizar. A informação é do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A previsão é que no próximo ano o estado colha a maior safra de todos os tempos. O plantio ocorrerá em cima de uma área 11,6% superior à usada em 2011/12. Vai passar de 7 milhões de hectares para 7,8 milhões de hectares. Já a produção deve crescer em 13% e sair de 21,3 milhões de toneladas para outros 24,1 milhões de toneladas.
Especialistas de mercado afirmam que o movimento inédito com as vendas decorre do oportunismo gerado pela redução na safra agrícola de países da América do Norte, como os Estados Unidos, além dos que estão na América Latina. A menor disponibilidade de produto e mudança na oferta fez o preço do grão saltar. Em Mato Grosso a valorização chegou a 80% entre janeiro a agosto.
Analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleber Noronha explica que de março a maio foram vendidos 43% da próxima safra de soja. Quem travou negócios neste período negociou a saca de soja a preços de R$ 46. Posterior à época e englobando os 18% restantes, valores acima de R$ 50.
"Em termos gerais, o produtor começou a vender a safra em valores baixos, mas os preços foram subindo [quando o mercado mudou]", destaca o especialista. Mato Grosso é o principal produtor brasileiro de soja.
Em Sorriso, a 420 quilômetros de Cuiabá, e considerado principal produtor mato-grossense de soja, os negócios chegam aos 50%, explica o presidente do Sindicato Rural, Laércio Pedro Lenz. Ele vai plantar 900 hectares de soja e também já negociou a metade da produção que colherá. Aproveitou preços médios na casa de R$ 42.
Para Lenz, o ritmo acentuado dos negócios pegou o produtor de surpresa. "Não se esperava o que aconteceu. Mas a comercialização do restante da safra vai depender do mercado, dos preços, da conversão, custos de produção. Será preciso avaliar", ressaltou.
Sorriso está localizada na região Médio-Norte mato-grossense, sede do maior celeiro produtivo de grãos do Brasil. De acordo com o Imea, na região a venda chegou a 65% de uma safra estimada em 9,3 milhões de toneladas.
Segundo na lista o Nordeste registra 63% de 3,6 milhões de toneladas. Somente esta região em 2012/13 vai expandir em 25,9% área destinada à sojicultura. Já no Oeste, a relação é de 60,6% de 3 milhões de toneladas.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, destaca que o volume de negócios fechados no estado ultrapassou até mesmo o nível considerado ideal para a comercialização: quando está em 50%. "A comercialização não pode avançar em um nível perigoso uma vez que se haver algum problema o que ele entregará?", alerta o dirigente.
Em setembro de 2011, quando as negociações eram realizadas com foco na temporada agrícola 2011/12 a comercialização no estado alcançava 48%. De forma geral, 2012/13 representa um avanço de 13,4 pontos percentuais sobre o ano passado.
Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil, diz que o êxito nas operações vai depender do bom aproveitamento das oportunidades. "O produtor deve estar atento e realizar negócios com preços em patamares remuneradores nos próximos meses com a soja que ainda possui. Além disso, será possível antecipar negócios também para o outra safra o que permite ao produtor fixar custos e manter margens em caso eventuais queda de preços na próxima safra que deverá ser maior que esta", frisou.