Com 58,6% da produção da próxima safra de soja mato-grossense vendida antecipadamente por até R$ 52 a saca (60 kg), os sojicultores devem obter a maior rentabilidade já registrada com o cultivo da oleaginosa, se o clima for favorável. Inclusive porque a negociação antecipada da produção permitiu que muitos produtores adquirissem os insumos mais baratos, reduzindo os custos da safra 2012/2013, que estão 29,61% maiores neste mês (R$ 2.140,67/hectare) na comparação com igual período de 2011 (R$ 1.651,79/ha), segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Estimulados pelos bons preços da commodity, que alcança até R$ 78 (saca) para entrega imediata, os produtores irão expandir em 10% a área plantada. Isso corresponde ao cultivo de 7,890 milhões de hectares e uma produção total de 24,131 milhões de toneladas, conforme apurado pelo Imea. Na avaliação do produtor Nelson Piccoli, a tendência é que as lavouras garantam uma boa produtividade nesta safra. Com experiência de 22 anos de plantio de soja no Estado, ele diz que o clima tem se comportado de acordo com o esperado para o período, apesar de meteorologistas preverem atraso nas chuvas no Centro-Oeste, por influência do fenômeno climático El Niño. “O ideal é que chova entre os dias 15 a 20 de se setembro, porque aí as chuvas se regularizam mais rápido”.
Diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Seneri Paludo, explica que o incremento da área plantada está condicionado à antecipação das chuvas, tanto para o cultivo da soja quanto do milho 2ª safra. “Mas ainda é cedo para falar em produtividade”.
Por enquanto, o Imea trabalha com a previsão de um rendimento médio de 51 sacas/ha, equiparado ao da safra anterior. Considerando os preços, concorda que a rentabilidade é “muito boa”. Mas lembra que o cenário atual foi influenciado pela quebra de safra norte-americana provocada pela severa estiagem naquele país.
Projetando manter a área plantada com soja e dobrar a do milho 2ª safra, o produtor Gilmar Dellosbel discorda que a rentabilidade dos sojicultores na safra 2012/2013 seja recorde. “Apesar do preço estar mais elevado neste ano os custos também estão maiores”. Conforme análise apresentada no último boletim do Imea, divulgado no dia 03 de setembro, 2 fatores começam a pesar no preço da soja. Um deles é a espera das tradings em retomarem as negociações, após adquirirem grandes volumes. Outro elemento influenciador é que a elevação no custos do frete em até 50% já está sendo descontado do preço pago ao produtor.
Cotação – Contratos de entrega da oleaginosa para março estão sendo negociados na média de R$ 57,12 por saca para o grão convencional e R$ 55,08 para o transgênico. Em igual período de 2011, os preços alcançavam R$ 36,80 para a soja convencional e R$ 35,20 para a transgênica, com o dólar cotado na média de R$ 1,60.
Produção – Mato Grosso produziu 21,849 milhões de toneladas de soja na safra 2011/2012. Volume superou em 7% a quantidade alcançada na safra 2010/2011, aponta o 12º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na quinta-feira (06). Incremento foi resultado da expansão de 9,1% na área plantada, que evoluiu de 6,398 milhões de hectares para 6,980 milhões (ha) de um ano para outro. No Paraná, principal concorrente de Mato Grosso na produção de soja, o fenômeno La Niña provocou efeitos negativos, contribuindo para reduzir em 29% a produção, que foi encerrada em 10,941 milhões (t) na última safra.