A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) orientou os produtores do Estado a suspender o plantio da variedade de soja da Monsanto Intacta RR2 Pro sob pena de risco às exportações. A razão do pedido é evitar uma possível contaminação em carregamentos do grão enviados ao mercado chinês, que ainda não aprovou a RR2. A China é o principal destino da soja mato-grossense e representa hoje mais da metade dosenvios para o mercado externo.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis e vice-presidente Oeste da Aprosoja, Alex Utida, a recomendação da entidade nada tem a ver com a qualidade da variedade desenvolvida pela Monsanto e a questão é exclusivamente comercial. “O produto é de ótima qualidade. O pedido da Aprosoja é porque a China ainda não aprovou a variedade, e mais tarde isso poderia trazer sérios problemas”, explica. A União Europeia já aprovou a tecnologia Intacta RR2 Pro para a soja, contudo, com o mercado chinês ainda há pendências.
Em nota a Aprosoja alertou que a “Monsanto em 2011, se comprometeu, a não comercializar qualquer evento de soja cuja aprovação não estivesse concluída nos principais destinos de exportação da oleaginosa brasileira”. Ainda de acordo com a entidade, a preocupação da entidade se agravada ainda mais com a previsão de safra recorde e de logística cada vez mais precária e ineficiente no nosso país. “O produtor e as empresas comercializadoras de soja poderão ser os grandes perdedores neste processo”.
Contrato
A entidade afirmou ainda que “a empresa está condicionando o plantio desta soja à assinatura de um contrato, o qual repassa toda e qualquer responsabilidade ao produtor em caso de contaminação”. Ainda segundo a Aprosoja, o setor jurídico da entidade emitiu parecer informando que “o contrato em questão impõe risco demasiado ao produtor, que por uma simples e incontida contaminação de talhão ou produção, ainda que de maneira involuntária, pode ser obrigado a pagar indenização à Monsanto e à terceiros, multa à administração pública, pode ter sua atividade suspensa, sua fazenda embargada, e ainda ser preso.”
Conforme Utida, no processo de segregação existem riscos de contaminação com outros grão, e é isso que tem causado temor da categoria. “Como não foi aprovada pelo país (China), o nosso medo é que na hora de exportar os grãos possa haver algum tipo de mistura. E caso isso aconteça e a China ainda não tenha aprovado a variedade a situação pode prejudicar muito o Estado”, afirma.
Ainda, de acordo com ele, a expectativa é de que a China aprove a variedade, uma vez que a qualidade da semente já foi avalizada até mesmo pela União Europeia. “Porém, enquanto isso não acontece precisamos ser cautelosos”, conclui.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de empresa Monsanto, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.