A propagação da ferrugem asiática nas plantas de soja que nascem às margens das rodovias de Mato Grosso, chamadas também de guaxa ou tiguera, abre um sinal de alerta para o plantio da cultura que se inicia a partir de 15 de setembro, quando termina o vazio sanitário. Somente na safra passada (2011/2012), a doença resultou em perdas financeiras na comercialização de R$ 364 milhões, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A situação, segundo o coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA), em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, é preocupante já que vem com carácter de novidade para o setor. "É a primeira vez que registramos uma situação tão crítica, já que encontramos muita soja guaxa e em quase todas havia a presença da ferrugem asiática".
Segundo ele, o clima influenciou o cenário, mas a falta de mobilização dos produtores foi o que mais contribuiu para a situação alarmante. "Sabemos que nas rodovias que circundam as propriedades rurais o trabalho de eliminar as plantas é do produtor. No entanto, nas áreas onde não há plantio não existe responsáveis para retirar a soja. Mas o que vale ressaltar é que são os agricultores penalizados caso a doença avance para a lavoura". Conforme ele, as entidades representativas do setor precisam se organizar para promover a eliminação dessas plantas.
Há algumas semanas, técnicos da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) visitaram as principais regiões produtoras de soja do estado para verificar a efetividade do vazio sanitário. Conforme o representante do Mapa no estado, os municípios de Primavera do Leste, Campo Verde e Sorriso são os mais afetados com a soja guaxa. "Estive em Primavera do Leste por duas ocasiões e nos dois casos não houve modificação de cenário. A soja com ferrugem continuava plantada".
Dessa forma, "alertamos a todos os produtores que façam a destruição das plantas vivas de soja em suas propriedades de forma mecânica ou química se o clima permitir. Lembrando que caso seja feito o arranque manual, é importante realizar a incineração das plantas", a analista de Agricultura do Núcleo Técnico da Famato, Karine Gomes Machado.
Multas – A analista também lembra que a presença da soja involuntária pode resultar em multas ao produtor rural, que podem chegar a R$ 50 por hectare de área onde tiver plantas de soja tiguera. "Mas vale ressaltar que muito mais importante que a multa é a questão sanitária. Se não forem tomados os devidos cuidados, o potencial da próxima safra, que tem tudo para ser a maior da história, pode ser afetado", alerta a analista.