Uma reunião entre o setor produtivo, governos federal e estaduais, etnias indígenas e seus representantes será marcada em breve em Cuiabá pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). O objetivo é evitar que possíveis protestos, como ocorreu esta semana como bloqueio na BR 364 e 174 pelos índios, gere prejuízos à sociedade.
A Famato ainda contabiliza as perdas deixadas pelas dificuldades de abastecimento de alimentos e combustíveis em Mato Grosso em decorrência da manifestação. Conforme estudo apresentado pela entidade agropecuária, dos 90 milhões de hectares de área ao qual Mato Grosso está localizado 15% é ocupada atualmente pelos índios (24.518 ), ou seja, 13,418 milhões de hectares. O volume inclusive pode chegar a 25%, se 12 áreas solicitadas por ONG’s forem colocadas em estudo. Atualmente 19 terras indígenas estão em estudo de identificação.
Conforme o presidente da Famato, Rui Prado, tais questões com os povos indígenas devem com urgência ser solucionadas. “É preciso resolver logo a questão, antes que os conflitos tornem-se algo de maior gravidade. O Brasil, infelizmente, tem algumas ONGs que querem segmentar a sociedade, o que não é bom para o país como um todo, inclusive para os índios. A reunião que estamos planejando tem o intuito de buscar soluções. Queremos que tais assuntos de áreas sejam cuidados pelo governo federal”. Prado comenta que o bloqueio ocorrido nesta semana em duas das principais rodovias de Mato Grosso só veio a mostrar a fragilidade do Estado. “Ainda estamos contabilizando os prejuízos, mas já temos relatos de perdas de produtos perecíveis. Além disso, tivemos problemas para escoar a produção e trazer dos portos os insumos para a próxima safra”.
De acordo com o historiador e antropologo, Adauto Carneiro, a Portaria 303 nada mais é do que um reforço do consta na Constituição de 1988. Ele que pesquisa a questão indígena há cerca de 20 anos salienta que a única mudança “é que retira as ONGs das discussões das obras de infraestrutura para os povos indígenas”. “A etnia Parecis em 1988 tinha 150 mil hectares e hoje 1 milhão. O problema não está na área e temos de descobrir onde é”.
Pesquisa
A Famato em parceria com o historiador realizou uma pesquisa da atual demarcação das terras indígenas e foi constatada dos 90 milhões de hectares de área do Estado 15% são terras indígenas. O diretor executivo da Famato, Seneri Paludo, comenta que o estudo é realizado há cerca de três meses e que por conta do bloqueio ter mostrado a fragilidade do Estado resolveu-
se antecipar sua divulgação. “Pelo estudo verificamos que se 19 terras em estudo forem homologadas o percentual sobe para 18% da área total para os índios. As ONGs solicitaram estudos de outras 12 áreas o que elevará para 25% do território de Mato Grosso. Não somos contra os índios. Só achamos que a prioridade não é terra e sim infraestrutura para eles, assim como toda a sociedade, como educação e saúde”.