A safra de grãos de Mato Grosso alcançou no ciclo 2011/2012 números recordes de produção, colaborando para que o Brasil registrasse uma marca histórica este ano de 165,92 milhões de toneladas praticamente já colhidas. O anúncio foi feito ontem pelas duas maiores entidades pesquisadoras do Brasil – a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que projetam 40,22 milhões de toneladas (t) de grãos e 40,38 milhões, respectivamente. O que faz o Estado ser líder isolado no país com participação de 24% da safra nacional. Em segundo aparece o Paraná (que liderou por duas safras), cuja projeção é de 19% de participação.
Os incrementos são creditados pelas entidades produtivas de Mato Grosso e produtores das três principais commodities(soja, milho e algodão), com destaque para o milho, além do aumento de área e tecnologia, tiveram o clima a seu favor neste ciclo. Quebras de produção nos Estados Unidos e Argentina deverão contribuir para novos aumentos na safra 2012/2013. Somente em soja a Conab fala em 21,7 milhões de t e IBGE em 21,8 milhões.
De acordo com a Conab, os 40,22 milhões de t de grãos nesta safra significam um volume 30% maior que as 30,94 milhões de toneladas colhidas na safra 2010/2011, ou seja, uma produção de9,27 milhões superior. A participação na safra nacional é de 24,4% A área destinada à cultura de grãos saltou de 9,63 milhões de hectares (ha) para 10,95 milhões, alta de 13,6%. Já a produtividade cresceu 14,4% ficando em 3.673 quilos/ha, sendo inclusive maior que a do Paraná que apresentou queda de 4,4% e ficou em 3.472 quilos. A Conab prevê para o Paraná 31,79 milhões de t, 2% a menos que na safra 2010/2011 devido problemas com o clima.
Quanto à soja, a Conab mostra produção de 21,78 milhões de t. Um volume 6,7% maior que os 20,41 milhões do ciclo 2010/2011. A área conta com 8,6% de alta, saltando de 6,3 milhões de para 6,9 milhões, o que mostra que 63,4% da área total destinada aos grãos foi ocupada com soja. “O aumento de área da soja e seu plantio e colheita no tempo certo favoreceram uma boa produção, aliados ao clima e tecnologia. Por mais que o Paraná não tivesse tido problema de clima, MT ainda assim seguiria líder e essa é a tendência. Os preços da soja estão favoráveis devido às quebras dos EUA, isso fez com que mais de 57% da safra 2012/2013 fosse vendida.
Com isso, o produtor já tem seus insumos adquiridos e segurança de rentabilidade mesmo que preços caiam”, diz o gestor de Núcleo Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Eduardo Godoi.
IBGE
A projeção de 40,38 milhões de t é 29,3% superior aos 31,22 milhões do ciclo passado e 6,9% maior que a projeção de 37,7 milhões de t feita em junho. A área estimada pela entidade saltou de 9,6 milhões de ha para 10,9 milhões de um ciclo para outro, ou seja, alta de 14,2%. A participação na safra brasileira é de 24,7%. Em soja os números do IBGE mostram 21,8 milhões de t, 5% a mais que os 20,8 milhões da 2010/2011. A área destinada à oleaginosa cresceu 8,1% como aponta, de 6,45 milhões de há para 6,98 milhões de ha.
O produtor de Nova Mutum e coordenador da gestão de produção da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Naildo Lopes, frisa que os dados apontados não divergem da realidade mato-grossense. “Não podemos esquecer que a metodologia de pesquisa é diferente da nossa, mas segue a tendência”. Lopes confirma aumento de área na próxima safra de soja. “As cotações futuras estão em alta e se seguir assim devido à safra norte-americana é certeza de alta de área aqui”. Ontem o bushel da soja estava cotado em US$ 16,16 para janeiro.
Brasil – As entidades apontam safra histórica para o país também, apesar das dificuldades na região Sul por conta do clima. A Conab prevê 165,9 milhões de t e o IBGE 163,3 milhões de toneladas.