Os suinocultores de Mato Grosso continuam envoltos em uma crise sem precedentes na atividade. Mesmo após encontro com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, ontem em Brasília e do anúncio de medidas pontuais de socorro, os criadores seguem com preços defasados em relação ao custo de produção que aumenta com cada nova disparada dos preços internacionais da soja e do milho, e sem qualquer perspectiva com relação à rolagem do endividamento de cerca de R$ 300 milhões.
A baixa nos preços do suíno, em Mato Grosso, fez o setor entrar em colapso. De acordo com dados da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), o preço do quilo de venda do suíno é de R$ 1,75, o mais baixo de todo o Brasil. Comparado com São Paulo que comercializa a R$ 2,05 e Minas Gerais (R$ 2,20), os suinocultores avaliam que a produção se tornou insustentável. O produtor de Mato Grosso gasta em média R$ 2,25 com custos de produção do animal, uma desvalorização de aproximadamente 30% na venda.
Para o presidente da Acrismat, Paulo Lucion, os custos de produção estão tornando a atividade inviável. “Os preços dos insumos para alimentar os suínos estão muito caros. O valor do milho e da soja aumenta constantemente, já o quilo do suíno só apresenta queda, desde 2011 e nenhuma ação governamental foi feita”, informou o presidente.
Ontem, Mendes Ribeiro Filho, anunciou linha de crédito especial no valor de R$ 200 milhões para a aquisição de leitões ao preço de R$ 3,6 o quilo. O financiamento pode ser acessado por produtores, agroindústrias, cooperativas e varejistas, com juros de 5,5% ao ano. Os representantes da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e das entidades estaduais filiadas foram recebidos em audiência pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. O ministro recebeu reivindicações dos criadores, que buscam ansiosamente soluções para os problemas que afetam a categoria.
Como destaca a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), a atividade, em Mato Grosso, não foi contemplada a contento na reunião, precedida pelo Ato Público dos Suinocultores Brasileiros, também em Brasília. A manifestação, batizada de "Preço justo para produzir", reuniu 30 suinocultores do Estado e mais de 500 produtores de suínos de todo o país, que reivindicaram a implementação, entre outras questões, de uma política de preço mínimo para a suinocultura, que possa auxiliar na busca de uma solução para a crise que enfrenta o setor.
Segundo o presidente da Acrismat, Paulo Lucion, o ministro disse que a maioria dos pedidos feitos pela categoria depende de outros ministérios e que por isso uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 18, para discuti-los.
DETALHES – Sobre a inclusão da carne suína no Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), Mendes Ribeiro garantiu a participação dos suinocultores e o pagamento extra de R$ 0,40 por quilo de carne suína vendida pelos produtores. “Mato Grosso possui o menor valor de mercado por quilo vivo no Brasil de R$ 1,75, um preço que não cobre os custos da produção, por isso a importância desse auxílio”, afirma.
De acordo com o presidente da Acrismat, outro ponto do encontro é que o governo irá garantir o abastecimento da soja para o setor suíno durante o ano, porém o preço será o de mercado.
Já sobre a dívida do sistema de investimento e custeio pecuário dos suinocultores brasileiros o governo garantiu a prorrogação do prazo para as dívidas do sistema Febraban (Federação Brasileira de Bancos). “O problema para Mato Grosso é que a maior parte da dívida do Estado é junto ao Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) que não entra no prazo de prorrogação”, pontua Paulo.
MOBILIZAÇÃO – O Ato Público dos Suinocultores Brasileiros começou às 8h30 de ontem, com audiência pública na comissão de Agricultura do Senado Federal, para debater os problemas do setor e lançar a Frente Parlamentar Mista da Suinocultura, no Senado Federal. A criação da Frente é resultado do empenho da ABCS junto aos parlamentares na busca de soluções para a crise. Logo após realizaram ato público. Os produtores de suínos realizaram caminhada entre o Congresso Nacional e o Ministério da Agricultura, que foi seguida por um churrasco com carne suína em frente ao Ministério da Agricultura.