Pragas como a cigarrinha da pastagem, falta de políticas públicas específicas ao segmento, entraves ambientais e a concentração de frigoríficos foram apontados como os principais gargalos ao desenvolvimento da pecuária mato-grossense. Essas e outras limitações foram reveladas por meio de uma pesquisa de campo aplicada no primeiro semestre deste ano pela Associação dos Criadores do Estado (Acrimat). Além dos problemas, o levantamento apurou que a maior parte dos pecuaristas é paraense, que a criação é a principal atividade da propriedade e que os filhos, em 86% dos casos, darão continuidade à atividade.
A Acrimat realizou no período de 8 de março a 29 de maio a segunda edição do projeto Acrimat em Ação. Os pecuaristas dos 30 maiores municípios produtores de gado de corte de Mato Grosso, que somam mais de 60 mil propriedades rurais, receberam informação e apontaram os principais gargalos de um setor que é um dos pilares do desenvolvimento econômico, como o maior produtor de carne do país e com um rebanho bovino de quase 30 milhões de cabeças.
A pesquisa também definiu as características das propriedades no Estado. Em 52% das fazendas são feitas a cria e recria de gado, 34% fazem o ciclo completo com cria, recria e engorda e 14% dos pecuaristas fazem apenas a engorda dos animais. Também foi medida a área de pastagem em hectares e foi constatado que 51% das propriedades são de pequenos produtores com até 300 hectares. As propriedades rurais com até mil hectares de pastagem somam 29%, de 1001 a 3000 mil hectares, 15%, e acima de montante, 5%.
“O objetivo do Acrimat em Ação foi o de levar informações e nivelar o conhecimento dos produtores, com ferramentas estratégicas para tomada de decisões e gestão da atividade, e trazer informação desses produtores para nortear as ações necessárias para a melhoria do setor”, disse o presidente da Acrimat, José João Bernardes.
Entre os questionamentos que traçaram o perfil das propriedades e dos criadores foram selecionados seis pontos como os principais problemas enfrentados e que mais atrapalham a sua produção. O excesso de pragas, como a cigarrinha, foi eleito por 59% dos entrevistados o maior problema. A falta de união da classe é um entrave sério para o desenvolvimento no campo para 54% dos produtores. Em seguida vem a falta de políticas de incentivo para 51%, questões ambientais para 49%, concentração de frigoríficos para 43% e falta de suporte ou morte de pastagem, 43%. “Essa pesquisa vai permitir a definição de projetos para o setor e servir de base para desenvolver políticas públicas, com informações atualizadas e repassadas por quem produz”, ponderou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
O projeto Acrimat em Ação aumentou em 263% a participação dos produtores. Em 2011 assistiram às palestras 967 pecuaristas e este ano foram 3.517. Dos presentes, 816 produtores rurais responderam à pesquisa sobre o perfil do pecuarista que vive em Mato Grosso. O resultado mostrou que a idade média de homens e mulheres do campo é de 45 anos e 27% deles vieram do estado do Paraná. Os mato-grossenses somam 17%, os paulistas 16%, 9% vieram de Santa Catarina e o mesmo percentual, do Rio Grande do Sul. Temos ainda brasileiros de Minas Gerais (7%), do Mato Grosso do Sul (6%), de Goiás (5%) e outros estados (4%). A pecuária é atividade principal para 84% dos entrevistados e em 86% os filhos pretendem dar continuidade na atividade.
QUILOMETRAGEM – Para visitar as 30 cidades foram percorridos 9.567 quilômetros, sendo 4.459 em rodovias federais e 5.107,9 nas estaduais. As estradas pavimentadas somaram 7.450 quilômetros e as não-pavimentadas, 2.117. A equipe de mobilização, que antecedeu a realização do projeto, percorreu 21.047 quilômetros, incluindo os eventos. Durante todo trajeto as condições das estradas, pontes, sinalização, falta de acostamento, buracos e obras em andamento ou paradas foram identificadas.
“Todo esse levantamento gerou um documento que será entregue aos órgãos responsáveis dos governos federal e estadual, para que seja feito um planejamento de ação para atender às demandas levantadas, onde a Acrimat vai acompanhar todo o processo”, observou o diretor da Acrimat, Júlio Rocha.