Puxados pela disparada das cotações dos grãos, especialmente da soja, e pela queda nos juros, os preços médios das terras para o agronegócio no país subiram 50% em três anos, com aceleração maior nos últimos 12 meses. A tendência é as cotações continuarem em níveis elevados, apesar da desaceleração da agricultura, que afetou o desempenho PIB do primeiro trimestre. Entre março de 2011 e abril deste ano, a valorização média da terra no país foi de 16,5%, segundo pesquisa da Informa Economics FNP, consultoria especializada em agronegócio. Aalta de preços é mais que o triplo da inflação acumulada no período, de 5,1%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em abril deste ano, o preço médio de um hectare estava em R$ 6,7 mil. “É a maior cotação média registrada pela pesquisa, que começou a ser feita em 2002”, afirma Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa Economics FNP. A pesquisa mostra que a região mais valorizada em 12 meses foi a de terras para soja em Sinop (MT), onde o preço subiu 73,3% até abril, de R$ 9 mil para R$ 15,6 mil o hectare. Em seguida vem a terra para cana no Espírito Santo, com alta de 54% no período, de R$ 6,5 mil para R$ 10 mil o hectare. As terras mais valiosas do país estão em Santa Catarina, na região de Itajaí. Ali, um hectare para produção de uva, geralmente em pequenas propriedades, sai por R$ 43 mil. Neste caso, a valorização em 12 meses até abril foi de 2,5%.
Passado esse boom das cotações, a perspectiva é que os preços das terras fiquem estáveis. Um forte indício de que a tendência é a sustentação das cotações em níveis elevados é o número de negócios fechados. Hoje, poucas transações de compra e venda ocorrem e o motivo é a escassez de ofertas.
Os potenciais vendedores adiam os negócios, pois acreditam que conseguirão preços ainda maiores, especialmente no caso de terras para soja. Apesar do ritmo mais lento da economia a perspectiva é que a demanda por comida não recue.