A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou quarta-feira (20.06) a Plataforma de Serviços Ambientais (PSA) baseada no modelo desenvolvido pelo Instituto Ação Verde, ONG formada por produtores rurais de Mato Grosso. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, foi um dos convidados para o lançamento. Na oportunidade, ele falou sobre o projeto Verde Rio, realizado pelo instituto, que já beneficiou várias famílias ribeirinhas da capital mato-grossense. A nova plataforma foi divulgada durante o "Seminário Governança Climática da Agropecuária: Mercado Agropecuário de Redução e Emissões", no espaço AgroBrasil da CNA, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20.
"Ficamos muito satisfeitos que a CNA aproveitou essa ideia para torná-la nacional. O objetivo da plataforma é disponibilizar os ativos ambientais dos produtores no mercado de carbono. Ela funcionará como uma vitrine para que os produtores utilizarem este mercado", afirmou Prado.
A PSA permitirá que os produtores acessem uma rede de informações sobre comércio de créditos de carbono de neutralização, a partir de atividades de redução e sequestro de emissões na produção rural. Segundo o representante do Instituto Ação Verde, Paulo Henrique Borges, a plataforma já tem 270 mil propriedades cadastradas da Amazônia legal. "São propriedades que possuem o CAR ou a LAU e o georreferenciamento, que são pré-requisitos para todo projeto de carbono", informou Borges.
Case de sucesso – Em Mato Grosso, a Plataforma de Negócios de Bens e Serviços Ambientais (PNBSA), do Instituto Ação Verde, começou com o projeto Verde Rio. Neste projeto, os ribeirinhos firmam o compromisso de recompor a Área de Preservação Permanente (APP) do rio Cuiabá para a neutralização do carbono. O recurso oriundo dessa neutralização garantiu à comunidade Barranco Alto, do município de Santo Antônio do Leverger, investimentos em água potável com a construção de dois poços artesianos, duas caixas d’águas e a canalização e distribuição da água para as famílias da região.
"Ninguém acreditava que ia dar certo. Esse projeto deixou a beira do rio mais verde, mais bonita. Nós recebemos R$ 115 mil para as 300 famílias da comunidade", disse Maurindo Ferreira de Azevedo, produtor e presidente da Associação da Comunidade Barranco Alto, que também prestigiou o evento.
O projeto piloto de Mato Grosso foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como modelo mundial de mitigação de mudanças climáticas na agricultura.
A Famato representa os 86 sindicatos rurais existentes em Mato Grosso. Junto com o Imea e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), forma o Sistema Famato.