Começa a vigorar hoje (15) o período proibitivo ao plantio de soja em Mato Grosso, conhecido como vazio sanitário, que se estende até 15 de setembro. Medida é adotada para o controle da ferrugem asiática, doença responsável por perdas estimadas em R$ 700 milhões na safra 2011/2012, segundo a Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
Para evitar a proliferação do fungo Phakopsora pachyrhizi, favorecido este ano pela combinação do excesso de umidade e temperaturas elevadas no Estado, é preciso manter o manejo correto das lavouras. Pesquisador da Embrapa Soja, Marcelo Fernandes de Oliveira, explica que o vazio sanitário foi adotado para quebrar o ciclo da doença, inibindo os esporos, que às vezes são resistentes aos fungicidas. “Avariabilidade do fungo é muito grande e utilização constante do mesmo produto químico pode deixar de fazer efeito”.
Oliveira acrescenta que um resultado satisfatório no combate à ferrugem é obtido com o manejo e genética adequada das lavouras. “Isso inclui a rotação de culturas, variedades e dos principais ativos”. Neste ano, os sojicultores descuidaram do monitoramento das lavouras, analisou o pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação Mato Grosso), Fabiano Siqueri, durante o 6º Congresso Brasileiro de Soja, realizado em Cuiabá. No Estado a proibição entrou em vigor a partir de 2006. Siqueri observa que o produtor precisa ficar atento à aplicação correta dos produtos químicos, que inclui a dose e o momento certo, para evitar prejuízos.
Outras doenças comuns nas lavouras de soja são mancha alvo (Corynespora cassiicola), antracnose (Colletotrichm truncatum) e mela (Tanatephorus cucumeris), todas objeto de pesquisa da Fundação Mato Grosso. Siqueri defende que todo manejo complementar das lavouras seja feito em função da ferrugem asiática, responsável pelas maiores perdas nas lavouras. “Salvo em condições onde há ocorrência de mofo branco e mela, doenças que exigem controle específico e antecipado em relação ao que é recomendado para a ferrugem, o controle integrado deveria ser guiado pelo da ferrugem asiática”.
No ano passado, durante o período de vigência do vazio sanitário, o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) visitou 2,566 mil propriedades em Mato Grosso, número 15,53% maior que em 2010, quando foram vistoriadas 2,221 mil. Número de notificações no período acompanhou aumento, totalizando 301 em 2011, contra 176 em 2010. Quanto às autuações, alta foi de 400%, variando de 6 em 2010 para 30 no último ano.